A noite não estava gelada, apenas fria e húmida, e parecendo
um bando de gralhas, tagarelávamos alegremente soltando lembranças de infância resgatando
a amizade que foi nossa, tão inocente e infantil. Nos melhores agasalhos que
vestíamos e nos passos desembaraçados, quase corridos, acalorávamos corpo e
alma. Foi um misto de conforto e pelo meio, um arrepio cá dentro quando a amiga
que mais marcou a minha infância, diz-nos com alguma tristeza que no geral, tem
memórias pouco claras. Uma ténue lembrança de rostos, e as dedicatórias nos
livros oferecidos nos aniversários. Ontem, reconstituímos as nossas
histórias e partilhá-las, foi como se déssemos a melhor prenda de natal umas às outras.
E depois acalmámos.
mz
fotografia do blogue, Diário de Lisboa