domingo, 27 de maio de 2012

Por aqui...



E de repente tudo se torna pequenino ou desaparece. Os textos escrevem-se cada vez mais curtos. Sintetizam-se as ideias. Até parece que se escreve de acordo com a crise. Poupam-se as palavras. E poupa-se a paciência de quem nos lê, também. De repente, parece que tudo é míngua. Parece que já não há tempo, não há paciência. Será descontentamento com a vida que lhes rouba a criatividade ou existe muito ruído à volta que os desconcentra? Apaixonaram-se, casaram, nasceram bebés ou perderam-se nas redes sociais? Os blogues parecem ursos. Hibernam. Fecham.




Fotografia com a gentileza
 do blogue Diário de Lisboa
Alcântara, LX Factory 


Original, escrito e publicado...
Mz

domingo, 20 de maio de 2012

O Espírito




Tempo a tempos, o espírito pede-me idas à missa. Pediu-me hoje e eu disse que não.
- Hoje não te levo, hoje vamos os dois ver o mar.
E o espírito sossega por uma temporada. Depois vai voltar e dizer-me que a igreja ficou esquecida. E vai crescendo uma vontade de lhe gritar e chamar-lhe todos os nomes impróprios para um chato invisível.
- Meu caro, quando chegar a hora iremos os três. Eu, tu e uma estranha inquietude que não consigo explicar.




Fotografia do blogue The Lisbon Diary
Pátio D. Fradique (Castelo)


Original, escrito e publicado,
Mz

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mar e Areia...


Não nos separem
Que eu galgo louco
 Obstáculos
Para te sentir
Quente.

São
As tuas curvas
De corpo dourado que atrevo
Tocar.

Para além de aves, pessoas e fotografias
És minha.

Arredo conchas
E arrepio-te
No meu espumar
Derramado.

E cego
Deixo-te sabor de sal
No grão do teu ser.





Fotografia do blogue Diário de Lisboa
Foto - Lisboa / Terreiro do Paço


Original escrito e publicado...
Mz

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fado




O Tejo chorando seus ais,
Renegado sozinho bebia
Remoi desgarrado a um  canto,
Uma doce melancolia.
Andorinha de barro colada,
Numa parede já velha
Vigia copos de vinho,
Na mesa da casa caiada
E no xaile negro da noite,
Um eco naquela viela,
Solta a palavra chorada...
Arruma a franja caída,
Em jeito fadista, é Lisboa!


Acordes de uma guitarra
No colo quente da gente,
Que canta fado com garra
Fatal sabedoria,
Ouro puro e tradição,
Ditar destino da vida
Na pauta de uma canção.








imagem: fotografia "Desta Janela..."
do blogue Lado B-B Side
Tema: Destino



Original escrito e publicado...
Mz