A propósito de Dezembro, relembro a bondade dos homens. Não
por ser quase natal, mas por causa do meu amigo António que um destes dias me
mostrou com orgulho um dos Livros de Caixa que entre outras coisas herdou de
seus pais. Juntamente um pesado cofre de quatro pés. Nesse deve e haver, registara
o seu pai, todos os movimentos do ano de 1954. Com letras e números mais
desenhados do que escritos, ficou o apontamento de que a sua velha e pobre padaria
lhe rendera dinheiro suficiente para prosperar. Construíra uma casa nova que
lhe custara sessenta e quatro contos e setecentos escudos. Incluindo a nova e
moderna padaria com balcão de atendimento. Na sua inauguração, cozera e distribuíra
pão a todos os pobres da aldeia e outros que conhecia. Um dia feliz e solidário
descartado da memória, pois a nossa geração nunca ouviu falar deste gesto de
bondade salvo nas memórias dos números do livro de razão. Numa visão simplista, digo ao António
que podemos concluir que o pão mata a fome e enriquece os homens e o António
responde-me com orgulho que ter um pai bondoso não tem preço.
mz
Imagem: Tela de Armanda Passsos
Anjo do Céu, pesquisa google
Beleza de lição aqui! Lindo demaios e que essa mensagem ecoe sempre! beijos,chica
ResponderEliminarAs histórias que aqui deixaste fizeram-me lembrar outras que ouvi. A família cozia todos os domingos uma fornada de pão para os pobres da aldeia. Depois da missa eram abertas as grandes portas da quinta e era posta a mesa. Depois era servida a sopa e o pão. Na mesma família existem ainda agendas antigas onde são anotados todos os gastos até os socos que compravam para os jornaleiros. Há famílias que continuam a guardar essas relíquias e que servem para termos uma noção de como as coisas eram há centenas de anos. Beijinhos
ResponderEliminarChica, é um bom exemplo de bondade numa época muito pobre pela qual Portugal passou.
ResponderEliminarHoje, a fome volta a estar presente com a grave crise no sul da Europa. Por aqui, cada vez mais pedidos de ajuda chegam às intituições não governamentais e cada um de nós tem de estar atento aos sinais muitas vezes dissimulados de pobreza envergonhada.
Bjs
Mary, os tempos eram de muita fome que quem dera que não voltassem, mas as carências estão à nossa porta cada vez mais em grande número.
ResponderEliminarBjnhs
(Por falar em pais) Em miúdo achei duas notas de vinte escudos, muito bem dobradinhas, e fui muito contente mostrá-las lá em casa. Perante os meus novos "projetos de investimento" qual foi a reação do meu pai? Além do sermão que me deu, disse-me que esse dinheiro iria para a sopa dos pobres.
ResponderEliminarComo se pode ver, fiquei sem troco... como agora.
não tem mesmo preço!
ResponderEliminareu diria que é o Livro do Coração
ao António e à Mz um Dezembro feliz
Rui, o pai teve uma atitude muito nobre, mas aos olhos de qualquer "miúdo" que tem projectos e não tem dinheiro é um estrangular dos sonhos. Essa atitude transforma-se numa espécie de castigo injusto ainda que compreensível.
ResponderEliminarFicou sem troco, mas acalenta hoje certamente o consolo de que essa sua perda aconchegou o estômago de alguns pobres.
Manuela, "Livro do Coração" é lindo!
ResponderEliminarUm Dezembro feliz para si também.
Abraço
Lindo Dezembro este.
ResponderEliminarNo fundo, um texto sobre a bondade. Ser bom é dar aos outros, pão ou carinho, sem exigir nada em troca.
ResponderEliminarE os tempos voltaram a estar tão difíceis!
Adorei a história do Rui! Se eu tivesse encontrado esse dinheiro na minha infância, ficaria mesmo para nós porque éramos muito pobres...
xx
Helga, bem vinda de novo! Saudades.
ResponderEliminarLaura, o Rui ficou triste no momento, mas hoje de nota-se o orgulho que sente na atitude de seu pai.
ResponderEliminarxx
Concordo: ter um pai bondoso não tem preço.
ResponderEliminarSou uma sortuda, também tive um pai desses...
ResponderEliminarBjs
Maria Silva, muito melhor ainda se a bondade contagiar os descendentes.
ResponderEliminarLilás, é um dom que não atinge todo o ser humano, por isso um bem haja para o teu pai.
ResponderEliminarBjs