As minhas tias fazem das rugas e das caixinhas
de comprimidos, vincos e acessórios assumidos. A caminho dos oitenta, coradas de
alegria agitam os colares e fazem esvoaçar lenços e saquinhos de crochet.
O almoço com as tias passou a ser prazenteiro e o que há anos parecia entediado, tem hoje um sopro gaiteiro. Elas já viveram tanto que os pudores não lhes é entrave nas conversas nem nos adornos. As que já são viúvas gostam de unhas garridas, de roupas floridas e falam da vida. Dos filhos e dos netos, dos saudosos maridos e dos primeiros namorados. Uma amálgama de episódios respeitosos muitos repetidos em quase todos os encontros, mas sempre diferentes quando lhes acrescentam uma pitada secreta.
O almoço com as tias passou a ser prazenteiro e o que há anos parecia entediado, tem hoje um sopro gaiteiro. Elas já viveram tanto que os pudores não lhes é entrave nas conversas nem nos adornos. As que já são viúvas gostam de unhas garridas, de roupas floridas e falam da vida. Dos filhos e dos netos, dos saudosos maridos e dos primeiros namorados. Uma amálgama de episódios respeitosos muitos repetidos em quase todos os encontros, mas sempre diferentes quando lhes acrescentam uma pitada secreta.
- Grandes marotas!
E brincam com as ainda
casadas, sondando-as e espicaçando-as galhofeiras e gozosas. Se uma manifesta
conversa de missa, logo outra, uma anedota maliciosa ou libidinosa, tornando as prosas
num embriagante shaker sacro- profano de riso desmedido. E comem de tudo como
se fosse dia de festa e eu, debicando uma fatia de bolo delicio-me com este e
com elas que quando se juntam deslembram a idade.
mz
Imagem: Fernando Botero
Pintor e escultor Colombiano - Ocaiw
Pintor e escultor Colombiano - Ocaiw
Muito legal isso. Lembro das minhas velhas tias... Hoje, na família, minhas irmãs e eu, já assumimos esse posto,rs abração,chica
ResponderEliminarEu também tenho muito gosto em chegar lá com esta alegria toda. Parabéns Chica, faça bom proveito.
ResponderEliminarbjhs
Ah que maravilhosas tias! Nada melhor que deslembrar a idade; um sinal de grande maturidade por um lado, e de uma juventude nunca perdida, por outro.
ResponderEliminarAdorei o texto e o quadro de Botero!
xx
neste instante em que te li,
ResponderEliminartive a impressão de entrar em casa
realismo e humor e a escrita a fluir
um abraço, Mz
Laura, estas são de uma boa disposição incrível :)
ResponderEliminarxx
Manuela, ah então temos mais para o clube!
ResponderEliminar;)
Abraços
É bom saber o quanto aprecias a companhia dos mais velhos e o quanto te divertem. Engraçado que a partir de uma certa idade as banalidades deixam de ser seguidas e é preferível o prazer do que a imagem que se teria se não nos deliciássemos. Falo da comida e da linha, é claro. Beijinhos
ResponderEliminarAos 88 anos a minha mãe (já viúva) ainda é, como as suas velhas tias, uma menina risonha que tem muito para contar. Haja quem saiba ouvir.
ResponderEliminar:)
Mary, elas poupam-se para abusarem nestes dias ;)
ResponderEliminarRui, são enciclopédias vivas!
ResponderEliminarParabéns pela sua mãe.
Sortuda! não tenho nada disso...aguardo quando eu e as minhas irmãs faremos esse papel, já faltou mais!
ResponderEliminarBjs
Vais ser uma "velhota" divertida :)))
ResponderEliminarAbç