quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mise-en-Scène


Também morremos se o pensamento atrofia, por isso, escrevo para afastar um certo medo de definhar. E escrevo um palco de actores vestidos a rigor. Depois, a plateia de pé sem aplaudir e a escorregar cada vez mais num verdete esperançoso. Lembro-me de alguém na banca das flores que diz que já não se gosta de cravos e uma florista a responder que eles nunca fizeram mal a ninguém. É tudo subjetivo ou então, uma forte convicção. Mesmo que não obtenha resposta, interrogo-me de que são feitos os cravos de hoje.
Parece-me ver apenas meia flor. Nos fatos dos actores, bandeirinhas de lata e gravatas verdes. Uma espécie de mise-en-scène. Acaso precisamos que nos lembrem quem somos, ou quem as usa terá necessidade de não se esquecer que são daqui e não de outras bandas?
De facto, nunca o verde esteve tão na moda e não me sai da ideia um certo ambiente clubístico que  dos cravos apenas mostram o caule, falta muito do resto...


imagem: Tela de Gustav Klimt



Original escrito e publicado...
Mz

15 comentários:

  1. Que bonito texto Mz. E tens tanta razão. Os cravos são feitos do mesmo que os homens... ontem e hoje...água e carbono... uns levam ao peito convições, outros, adornos de plástico. Os cravos, como os ideais, murcham se não regados mas numa lapela parecem todos iguais... Beijinho

    ResponderEliminar
  2. Muito bem escrito, e...bem compreendido.

    ResponderEliminar
  3. Eva,
    e se murcham, "eles" um dia dizem; toma lá um de plástico ou de lata, para não dar muito trabalho e para "inglês ver"

    Bjnhs

    ResponderEliminar
  4. João,
    hoje entendeu-me ;)

    Entendi-o!

    ResponderEliminar
  5. Acho que os cravos de hoje são importados da China...

    ResponderEliminar
  6. Rafeiro,
    até os cravos!

    ResponderEliminar
  7. ---um dia havemos de reinventar Abril....Hoje é o dia! (Amanhã, também:-)
    Bj*

    ResponderEliminar
  8. do adn dos cravos

    fica a música, antecederam os pianos de cauda

    os de abril, antecedem ainda muitas interrogações

    e interrogo-me contigo, Mz

    um abraço

    ResponderEliminar
  9. Manuela,

    então,

    ficam os nossos

    dois pontos de interrogação

    entre muitos outros,

    certamente.


    Um abraço

    ResponderEliminar
  10. O espírito de Abril está no pensamento...que não pode morrer nem murchar...abram-se por isso novos horizontes...e viva os cravo...seu símbolo

    Beijo

    ResponderEliminar
  11. Pedrasnuas,
    viva o símbolo por inteiro!

    Beijo

    ResponderEliminar
  12. Continuo a gostar do cravo, tudo farei para que não murche...
    Bjs

    ResponderEliminar
  13. Lilás,
    e vão duas.

    Bjs

    ResponderEliminar
  14. Um Viva aos cravos e tudo o que eles representam na democracia.

    E já agora, um Viva a ti, bons olhos te vejam, quero dizer, leiam!

    ResponderEliminar

Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada