sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Se...


E se fosse cá...
E se fosse hoje meu amor?
Se o chão sacudisse a casa...
Se as paredes mostrassem as entranhas e se contorcessem pela força do chicote raivoso das profundezas tectónicas.

E se fosse cá...
Se fosse hoje, meu amor?
Tremia sozinha do mesmo modo que a Terra.
Não era a tua voz que os meus ouvidos escutavam mas sim um barulho estranho zoando aterrador!
Pensaria em ti ou o terror apagar-me-ia a memória como se o antes nunca tivesse existido?
Petrificava incrédula enquanto móveis se arrastassem e objectos baloiçassem possessos.
Paralisava... e depois...
Depois... sentiria o peso do cimento, atolar-me-ia em vidro, ferro e pó.
Esmagar-me-iam os escombros e asfixiava.
Com o corpo dilacerado e estropiado
o medo e o frio não me tocavam mais.

Que fazer quando a Terra treme e vive violentamente?
Que fazer quando a Terra engole a vida?
E se fosse cá...
Se fosse hoje, meu amor?



Imagem retirada do blogue “Previsão Meteorológica – Mário Marques”
Não esquecendo as imagens violentas e catastróficas do último sismo a 12 de Janeiro de 2010 no Haiti, deixo o meu medo escrito suavemente.

Com carinho
MZ

13 comentários:

  1. Será que consigo responder às tuas perguntas?

    Se fosse hoje, meu amor,
    já tinha sido!

    O nosso lar destruido,
    o nosso corpo entalado,
    quem sabe dilacerado,
    por um tremor,
    que para além do temor,
    espalha o terror e a dor!

    Não foi cá,
    apenas lá, onde o mar dá nome à ilha,
    onde Há o que Há aqui,
    Aí em Ti!

    Não foi hoje,
    mas vai ser amanhã!
    Sonhos desfeitos,
    amores destroçados,
    raiva crescente,
    por me sentir impotente!

    Mas quando a terra tremer,
    meu amor pensa em Mim,
    acredita,
    sou teu Deus,
    e do caos vais renascer,
    mais marcada e generosa!
    Porque serás para sempre
    a razão do meu sentir!

    Não foi hoje, meu amor
    mas o pior,
    Há-de vir!
    Sem saber como fugir!
    Sem saber para onde ir!

    Não foi hoje, meu amor...
    mas o pior,
    está pra vir!



    Jinhos***

    ResponderEliminar
  2. Sem entrarmos em pânicos escusados, e até porque as condições de vida não se comparam, é sempre bom, prevenir e saber o que deve ser feito...

    ResponderEliminar
  3. MZ se fosse cá? Será que estaríamos preparados psicologicamente para uma situação destas? Conseguiríamos controlar-nos o suficiente para conseguirmos sobreviver? Se calhar não. É necessário ter um controle mental grande para se sobreviver de baixo de terra durante tanto tempo, para ver tanta desgraça. Será que não morreríamos de ataque cardíaco? É uma situação muito difícil espero que ninguém mais passe por tal. Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Olá, como sempre suavemente e com tanto sentir com tanta envolvência.
    Fizeste-me estremecer como se sentisse um sismo corporal.
    Obrigada por me deleitares mais uma vez. Leio-te com um prazer imenso.Nunca pares.
    Beijinhos
    Tila

    ResponderEliminar
  5. Não interessa quando acontece...
    Por isso, o momento que vivemos, para quando acontecer e, se dermos conta, tenhamos sido já tão felizes, que não tenhamos medo...
    Bj

    ResponderEliminar
  6. O teu medo é o meu medo...vamos vivendo um dia de cada vez.
    Bjs

    ResponderEliminar
  7. Se fosse aqui, não estaria a descrevê-lo...

    :S

    ResponderEliminar
  8. Melga,
    é bom saber que também inspiramos quem nos lê.
    A tua resposta foi muito bonita e muito sensível..
    obg

    beijinhos



    Pinguim,
    isso é muito, muito importante amigo, pois
    saber as regras básicas pode salvar!


    Brown Eyes,
    sinceramente, não...
    eu não estou!
    Eu tenho medo... não sou obcecada, mas tenho medo... por outro lado já já vivi numa Ilha vulcânica durante algum tempo e raramente me lembrava que poderia ocorrer um sismo...

    Mas o instinto humano de sobrevivência em casos de catástrofe é muito forte e com um bocadinho de sorte acontecem milagres...
    Agora, este não será o último... a Terra está viva e move-se naturalmente, por isso, é sempre bom prevenir e estar informado sobre o que se deve fazer.

    Obg por me leres
    beijinhos

    ResponderEliminar
  9. Tila...
    tu és uma querida e muito sensível... eu começo a ficar muito mimada com as tua palavras...

    um grande xi-coração


    AnaMar,
    eu também não quero saber quando...
    se acontecer que eu já tenha sido muito feliz... mas que a terra me dê ainda algum tempo... muito temmmmmmmmmpo!
    :)
    beijinhos


    Lilá(s)
    é o nosso medo e decerto o de tanta gente!
    Eu só não quero estar sozinha se acontecer...
    não quero...

    bjs

    ResponderEliminar
  10. Eli,
    não, não foi mesmo...

    ResponderEliminar
  11. Partilho contigo os teus receios que estão mais perto da realidade do que de fantasias. No entanto, esse medo não nos pode, nem deve paralisar.

    Temos muitos medos nas nossas vidas, muitos "ses" mas os nossos receios nada farão para impedir o decorrer natural das coisas.

    Assim, só nos resta viver um dia de cada vez e esperar pelo melhor. Bjs

    ResponderEliminar
  12. Amei seu blog, suas poesias são realmente lindas, parabéns.
    Aqui quase você previu algo que iria acontecer tão perto de Portugal,e agora aqui perto do Basil.
    A terra está realmente tremendo.
    Abraços
    izilgallu

    ResponderEliminar
  13. Izilgallu,
    é aterrador...

    obg
    Bj

    ResponderEliminar

Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada