terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Quieta...


Já é tarde, muito tarde...
De cabeça cheia, não consigo dormir, nem me apetece ler.
Às escuras, subo a persiana e sento-me à beira da janela.
As salas iluminadas denunciam que ainda existem pessoas acordadas a esta hora.
Ao contrário da aldeia, onde uma noite de Inverno é mesmo escura, aqui, tenho luz suficiente para ver e observar o que compõe a outra face do dia.
O jardim do condomínio fica toda a noite iluminado com globos fluorescentes que me fazem lembrar pequenas luas cheias.
Fico assim, a olhar... quieta... só me mexo para escrever o que esta noite de Inverno me dá.

Não se vê a lua, nem as estrelas.
O céu carrega uma névoa de cinza molhada e chove...
Por vezes, o vento sopra de rajada e as palmeiras do jardim, furiosas, sacodem a chuva agitando os leques tal qual o vento quer.
Aninho-me mais um pouco no conforto do cadeirão e aconchego-me.
Ainda do lado de fora, no vidro da minha janela, colam-se gotas minúsculas de chuva dando-lhe uma textura diferente. Por vezes, uma, desliza pelo vidro formando uma serpentina de água doce.
Permaneço quieta e silenciosa.
O registo do tempo físico e meteorológico é também o meu registo em sintonia com a natureza.
Precisava desta pausa, deste observar silencioso...





(Imagem: Google)



Com carinho
MZ

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Veludo verde...


Quase à porta de casa, a floresta sacudida pela estação libertava um cheiro húmido e podre das folhas em decomposição que se desprenderam durante o Outono.
Pinheirinhos do tamanho de crianças estavam bons para o corte tradicional e um deles seria arrastado para casa.

Por baixo dos outros, dos grandes de braços altos, procurávamos o tapete de veludo verde, aquele que era a beleza das tapeçarias e que os nossos pés tinham o cuidado de não pisar. Era precioso demais nesta época.
Delicadamente despegado da terra para fazer o nosso presépio, acamavam-se em placas dentro de um cesto de vime. Um daqueles cestos com duas asas que no Verão abarrotavam de milho seco e dourado, que em Setembro serviram para transportar os cachos de uvas maduras e depois mais tarde, já em pleno Outono, as azeitonas... quando ainda havia oliveiras suficientes nos terrenos dos avós lá na aldeia.

Com as botas enlameadas e as mãos geladas, regressávamos a casa contentes e era à noite, no quentinho da lareira que combinávamos como seriam as estradinhas do nosso presépio...
de farinha ou de areia...

Hoje, o meu pinheiro de Natal é artificial mas ainda vou à floresta sentir o cheiro do pinho verde e agora também do eucalipto.
Ainda descubro algum musgo, não tão exuberante, mas está lá...
Regresso de mãos vazias mas as botas, essas, voltam da mesma forma, enlameadas!

(Imagem: Google)



Feliz Natal!
Com carinho
MZ



segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Que frio!!!



Sempre que os dias se aproximam do Natal, chega o frio a sério...
Na aldeia, as hortas quase adormecem no meio da erva que se deita a par das couves-galegas e das nabiças que num instante rebentam de grelos para a consoada.
Em rectângulos definidos, a terra aos montinhos cobrem os alhos que no Natal já têm de ter bico de pardal!
Mantos de geada acordam cada manhã...
Os dias molham-se com bátegas de chuva grossa ou miudinha suficientemente espaçada para que o vento lhe possa assobiar...
Gosto do vento,
gosto da chuva,
gosto dos dias de sol envergonhado...

Gosto deste romper de Inverno!



(Imagem:Google )

Com carinho
MZ

domingo, 13 de dezembro de 2009

Super Fofo!


É mesmo fofinho!...

Eu não sei porquê, mas...
é que depois dos bombons, bem...
não é que este selinho só me faz lembrar algodão doce?
doce...
doce...
doce...

E a vocês, o que vos faz lembrar?


Isto é só para vos deixar com a água na boca...
Estou a brincar, claro...
podem levar o selinho!


Este selinho "Super Fôfo" foi oferecido pela querida Eliane do Blog "Fitness" que nunca se esquece de mim...

um beijinho muito, muito docinho para si e para todos que por cá passarem!




com carinho

MZ









terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"Overdose"


Desaperto o laço e solta-se o cheiro...
Puro cacau, chocolate...
Bombons despidos
Sem pratas ou outros adereços,
lisos ou de outras formas.
Anatomicamente perfeitos para que dedos delicados os toquem e os levem à boca dos amantes.
Amantes de chocolate e outros amantes...
Sôfregos
Gulosos
que saciam a vontade louca de um prazer.
O deleite do gosto e dos sentidos!

O primeiro,
na minha boca.
Sem pressas...
os meus lábios abrem-se para o receber,
a minha língua, enrola-o suavemente.
As temperaturas igualam-se
e sinto-o veludo.
Fundem-se os sabores...
Depois,
outro... e outro... e mais outro...
OVERDOSE...


Godiva-Chocolatier, não resisto!

(Imagem:Google)


com carinho
MZ

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Este Natal...


Muito devagar, ela passeia-se pelas ruas decoradas.
A iluminação forte e colorida põem-na tonta.

Mas ela prefere esta tontura à outra!


Pessoas animadas passam por nós como trânsito em hora de ponta, dão-nos pequenos encontrões e pedem desculpa.


Ela desculpa e não se importa!


Entende-as,
ela também não tem muito tempo, mas ao contrário delas, move-se lentamente...
Agora, faz tudo muito devagar e o tempo foge-lhe muito rapidamente.
Lembra-se que em Agosto, corria nas compras de última hora para umas merecidas férias. Carregava sacos e mais sacos...
Alegre, irradiava energia, força!
Dezembro chegou, e tudo isso ficou para trás.
Agora, as forças quase lhe faltam para que possa carregar o seu próprio corpo...
Também precisa de fazer compras, não por vaidade ou porque é quase Natal...
As suas roupas caem-lhe pelo corpo, este encolheu e ela está seca como mirra.
Demora-se em cada montra, cansada...


Ainda assim, ela prefere este cansaço ao outro!


Sente fraqueza e precisa de comer qualquer coisa.
O bolo-rei, os sonhos, as filhós também anunciam que o natal está muito próximo.
Pede uma filhós mas à primeira dentada sente-se enjoada.


Ainda assim ela prefere este enjoo!


Tudo é preferível aos efeitos da rádio e quimioterapia...


Da janela rasgada e transparente, olha para as águas vivas da “nossa Veneza”...
Os seus olhos baços dançam acompanhando os movimentos ondulantes dessas águas que reflectem uma aguarela trémula, são as luzes alegres de Natal.
Os lábios secos e descoloridos segredam baixinho...


“Deixa-me viver este Natal!”



Tema para a Fábrica de Letras: "Natal"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Vikings...


01 de Dezembro do ano de 2009
13:00

Ao som do tilintar da faca no copo de cristal, o anfitrião deu início ao almoço.
Copinhos de aguardente... obrigatório!
Tchim-tchim...
Taffel Akvavit - 45º gelada por fora e por dentro.
Resultado:
Muito calor...
Muitos “Skaal” ditos
Muitos “Snaps” bebidos
Um verdadeiro almoço Viking...
Abri assim a minha quadra natalícia!
Bandeirinhas Dinamarquesas espalhadas pela mesa enorme, velas natalícias acesas, travessas de sanduíches...
“Smorrebod” - fatias de pão escuro cobertas com manteiga, diversos tipos de saladas frias, paté caseiro, rosbife, arenque, salmão fumado, caviar, camarão, quadradinhos de cebola frita estaladiça e cerveja... sempre cerveja!

Depois, surpresa...
A anfitriã oferece-nos uns rolinhos de papel atados com fitinhas vermelhas... uma canção com versos apropriados...
Obrigatório cantar com vontade!
Mais “Skaal”

Mais "Snaps"...
entre cada verso, "Skaal" e "Snaps"...

Ainda sem sair da mesa,
“friKadeller”- almôndegas deliciosas e lombinhos de cebolada, óptimos!!!

Mais cerveja... sempre cerveja... porque dizem os Dinamarqueses que cereais (aguardente) e uva (vinho) não se devem misturar; mistura explosiva!
Mais uma canção...
Obrigatório cantar com vontade!!!
Mais “Skaal”
Mais “Snaps”


17:00
Intervalo para fumar um cigarro, um charuto, arejar, arrefecer um bocadinho...

De regresso à mesa,
Sobremesa...
queijo, tostas, doces... bolachinhas dinamarquesas recém chegadas de avião de propósito para este almoço...
Café
Chá
Conversa e mais conversa...
Todos muito, muito quentinhos...
Quentinhos de afectos e de tantos “Snaps”!
Com muito carinho atrevo-me a dizer:
Estes Vikings são doidos!

A minha querida amiga Vic prometeu um almoço Dinamarquês e cumpriu...
(Amigos do Mundo se alguma palavra estiver mal escrita perdoem-me)


*Taffel Akvavit - aguardente de cereais
*Snaps - pequeno shot
*“Skaall - saúde... cheers


(Imagem: Google)

Com carinho
MZ

domingo, 29 de novembro de 2009

Sufoco


Presa às minhas raízes, sinto-me sufocar.
Como se o cordão umbilical me estrangulasse...
O ventre onde me encontro, asfixia-me!
É difícil respirar...
Apetece-me rasgar o corpo, expelir o grito!

Prisioneira deste laço, permaneço neste estado...
Agarrada à raíz de uma árvore com garras que me prendem

e que me cortam a liberdade
de poder desaguar em águas que me fazem mais feliz!





(imagem:google)





com carinho
Mz

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Casa das Histórias

Avestruzes Bailarinas - Paula Rego

Não sou o Capuchinho Vermelho nem uso uma capa encarnada. Mas não percorri o caminho directo para casa, perdi-me por um atalho.
Fui lá novamente... à “Casa das Histórias” da Paula Rego.
Desta vez, fui sozinha. Já conhecia as salas e o que iria encontrar exposto. As histórias, as fábulas, as obras literárias, as óperas, as pessoas que a inspiraram e a mensagem que ela consegue transmitir naqueles quadros gigantescos.
Cada obra tem uma história e é assim que se começa a entendê-la e a gostar de olhar para aquelas figuras grotescas e por vezes agressivas ao nosso olhar.
O medo, a solidão, o abandono, estão sempre presentes nas suas obras. Tudo o que é frágil no mundo real, ela torna-as fortes na sua pintura.
A mulher torna-se uma figura de força e por isso as suas formas femininas ganham um contorno grotesco e quase masculino.

Paula Rego não é uma moda... é portuguesa e o seu nome é reconhecido em todo o Mundo.
É considerada neste momento como um(a) dos quatro melhores pintores vivos em Inglaterra onde vive actualmente.


“Ninguém é feio”
(Paula Rego)
Admiro-a!


(Fotografia: Saatchi Gallery)
Com carinho
Mz

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Revelações


Um pouco de mim

Eu já...
Eu já me senti só no meio de tanta gente!

Eu nunca...
Eu nunca pensei escrever e partilhar emoções com estranhos!
Eu sei...
Eu sei que não sou perfeita, mas cada pessoa é única e especial!

Eu quero...
Eu quero ter o discernimento suficiente para saber continuar a fazer as melhores escolhas na minha vida!

Eu sonho...
Eu sonho... sonho acordada a maior parte das vezes!



“Um pouco de mim em 5 Revelações” é uma brincadeira saudável passada pela minha querida Personal Trainer Virtual Eliane Jan. Barbanti do blog Fitness :)E da minha amiga muito, muito querida... Papoila, do blog "Papoila"
Partilho com vocês todos!!!

É só copiar o selinho e completar as frases;

Eu já...
Eu nunca...
Eu sei...
Eu quero...
Eu sonho...
...

Depois indicar 5 Blogs para dar sequência à brincadeira.



Com carinho
MZ

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Agora...



O tempo parece fugir a galope numa besta sem rosto.
A dor rasga o teu peito e soltas gritos num pranto abafado.
O predador, suga-te toda a esperança
e a vida parece escapar-se pelas redes finas de uma armadilha.
Surpreendeu-te e estás de rastos...

Agora...
O tempo é de abraços
O tempo é de esquecer...
Esquecer o que não correu bem
Agora...
Agora, o tempo é outro
Ainda há tempo para pegar na tua mão
e de te abraçar.
Ainda que o corpo esteja dilacerado,
deixa-te abandonar...
Mergulha nesta dose excessiva de afectos.
Escuta as palavras meigas,
deixa-te mimar, deixa-te levar pelas brincadeiras.
Abraça todos os sorrisos e suaviza tua dor.




(Fotografia: RuiSantos61)

com carinho
MZ

domingo, 15 de novembro de 2009

Fica a Noite...


Apagaram-se todas as cores que o dia me dá
Fica a noite...

Treme a luz branca da lua que não chega para iluminar a rua.
Vou traçando na noite a minha sombra numa calçada portuguesa a preto e branco desenhada.
Agitam-se as franjas do meu xaile preto que abraço cingindo-o ao corpo e ao vestido de viúva.
Caminho cansada da saudade que carrego e de todos os fados que canto.
Para trás, vão ficando as marcas dos saltos altos dos meus sapatos e assim vou enterrando todo este preto que carrego.
À minha frente, está a porta.
A porta e a luz que tanto anseio.
Agora, eu quero o branco.
Quero demorar-me num banho de espuma...
Envolver-me em aromas de jasmim
Quero o branco do linho dos meus lençóis
Quero uma almofada alva de cambraia
Quero sonhos quentes de areias brancas
Quero sonhos doces de algodão
Quero a cor da luz
Quero paz!



(fotografia: Rattus)


Minha participação na

com carinho
Mz


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Fábrica de Letras"

É difícil escrever palavras encomendadas...
Palavras como se fossem paletes de material guardado em armazém à espera de ser esgotado
Estantes de letras em stock separadas em caixinhas de A a Z
Letras e mais letras...
MAIÚSCULAS
minúsculas
e depois, em caixinhas mais pequenas
os acentos
as cedilhas
os pontos de interrogação e exclamação
o ponto e vírgula
os dois pontos
as reticências
o travessão
a vírgula
o ponto final e o parágrafo

Tudo registado, para que não falhem as quantidades...
Estão a imaginar uma fábrica assim?
Toda esta matéria-prima não serve para nada se a fábrica não tiver operários
Eu sou uma operária da “Fábrica de Letras”
Vou ter de trabalhar o Preto & Branco
Não é fácil sentir a preto e branco
quando a minha imaginação está toda colorida!

Mas prometo!
A partir do dia quinze o meu trabalho estará concluído e não falharei
Aqui a “Preto & branco”
Até lá...


podem visitar a fábrica, é só dar um clic na imagem que está no início.

(Imagem:Selo Fábrica de Letras)

com carinho
Mz

domingo, 8 de novembro de 2009

"Mestre"


No tempo
Rasgam-se fronteiras
Unem-se distâncias
Acertam-se os ponteiros das diferenças
Partilham-se culturas
Artes de guerra...
Eu estou em Paz!
Mas mesmo assim eu treino as defesas
e treino o ataque
Dói-me o corpo...
e custa-me a acordar com o cinzento do Outono...
Acorda o corpo “Guerreiro”!
Não existe Outono
Não existe o cinzento
Descalça os teus pés
Veste o teu Kimono
Aperta o teu cinto
Ajoelha-te e faz silêncio
O “Mestre" traz sabedoria
Vês cinzento no esplendor do “Mestre”?
Não...
Ele traz a Primavera no olhar
E o sol nos movimentos
O “Mestre" flui como as águas de um rio
Pega na tua vontade e desce o rio com ele...
Se a corrente for forte,
Lembra-te do “Mestre”!




(Fotografia: Deee)



(Obg Hanshi Charlie Lenz)

com carinho
Mz

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Culto


Todos os sábados desde que me recordo de ser gente que as vejo,
descem a rua da aldeia a pé ou de bicicleta.
São mulheres simples que abraçam orgulhosamente as flores que plantam, que cuidam e que crescem nos seus quintais. As flores são para cortar e para oferecer aos que já partiram...
Da terra para o pó.
Novembro inicia-se com o culto dos mortos.
Mais uma vez eu não estive presente.
As distâncias, sempre as distâncias!
Recordo todos os momentos com a minha memória que não me falha
e vejo-as ali...
Parecem soldados agrupados em filas quase perfeitas e rigorosamente vestidas de festa.
Assim estão elas, as pedras frias em maior número de mármore preto ou branco
Neste dia, lavadas, enfeitadas, perfumadas de flores e com o brilho de pequenas chamas que luzem em pleno dia.
Eles, os que já partiram guardo-os aqui bem dentro do meu coração.




(Imagem: Google)



com carinho
MZ

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Distâncias...



Sempre as distâncias
Sempre as ausências
Magoa-me tanto a distância...
Magoa-me a distância de não te ter.
Magoa-me não te sentir quando me apetece.
Magoam-me os abraços que não te posso dar,
Magoam-me os beijos que não recebo.
Magoa-me tanto querer sentir-te e só me sentir...



(Imagem:Google)

com carinho
MZ

domingo, 25 de outubro de 2009

É Domingo...



Não tenho filhos de colo, nem acordo com o choro de bebés...
Mas tenho um cão que me acorda aos fins-de-semana com vontade de galgar o Mundo arrastando-me com ele!



Aguarela daqui


Com carinho
Mz

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Espero...

Os troncos erguem-se em cama de lilás, verde e amarelo palha
É a floresta de pinheiros e outras árvores
É a floresta de urze e outras plantas rastejantes...
Algumas ainda verdes e vivas, outras, a maior parte secas, muito secas...
Tão secas que os passos lentos das minhas botas resultam em estalidos que se apressam a partir a folhagem morta estendida pelo caminho.

Engana-nos o tempo...
Engana-nos este Outono quente
O chão da floresta pede chuva
A terra espera enlamear-se
As folhas esperam cair com o vento que tarda
Todo o chão espera um tapete de tons quentes
Amarelo
Laranja
Ferrugem...

Os meus olhos já vêem todas as cores do Outono mas ainda não o sinto de verdade
Parece que o Verão teima em roubar o Outono
Ou será que o Outono está distraído e preguiçoso?
Fico à espera do vento
do tapete colorido
da chuva prometida...





(Imagem: Google)

com carinho
MZ

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A Porta



É tão difícil fechar uma porta pela última vez...
Deixar para trás imagens de vida. Pedacinhos soltos de mim. Retratos de um dia a dia em que cada canto tem uma história. Paredes que testemunharam conversas, brincadeiras, risos e choro. Janelas de ar fresco onde esvoaçaram cortinas e ondularam os perfumes da flor de laranjeira e do jasmim...
É tão difícil fechar uma porta pela última vez. O jardim será de outras mãos. Não serei eu que na próxima primavera, colherei as primeiras rosas! Já não saborearei os primeiros frutos...
O mel dos figos já não adoçarão a minha boca.
É tão difícil fechar uma porta pela última vez...



(Fotografia de: Sérgio Ferreira)

com carinho
MZ

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

As "Outras"...


Hoje vou falar das outras...
Não daquelas que se encostam na sombra de uma parede,
ou na penumbra da luz fraca de um candeeiro de rua.
Nem mesmo daquelas que se iluminam nas esquinas com os néones dos reclames da cidade.
Hoje vou falar das outras,
das que não se escondem na noite...

As outras!

Hoje, vou falar daquelas que se expõem desesperadamente à luz do dia!
Das que se abrigam no tecto dos pinheiros,
protegendo-se do sol, da chuva ou do vento
E quando o dia é claro,
Iluminam-se de sol !
Deixam mostrar o decote
e as pernas que a saia exageradamente curta não esconde.
Mulher madura ou mulher menina,
mostram-se na sua vitrina de verde pinho
com aromas de resina e eucalipto.
Não sou indiferente ao que vejo pelas estradas de província!
Denunciam necessidades.
Esperam sempre alguém...
De pé ou sentadas
pernas cruzadas
Espelham vidas de cruz em corpos tatuados com a frase

“Estou aqui”





(Fotografia de:Deee)



com carinho
MZ



terça-feira, 6 de outubro de 2009

Nevoeiro

Cai a noite...

Cai a noite, envolta em nevoeiro
Gotinhas minúsculas
avançam suspensas...
Pulverizam cheiro a maresia
Atravessam o portão,
entram sem pedir licença...
Vestem de noiva
as árvores e o jardim
Cai a noite, envolta em nevoeiro
Cobre a casa
com um véu pálido de tule branco
Trespassa-me!
Apresenta-se diáfano
Sem corpo!



(Fotografia de: JSillvaa)

com carinho

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Prémio Dardos"


O que é?
Este é o "Prémio Dardos"

Dá a cada blogger o reconhecimento do seu valor, esforço, ajuda, transmissão de conhecimento, todos os dias.



Recebi este selo da Eliane J.B. com muito carinhohttp://aptidaofisicaesaude.blogspot.com/

http://ariam-papoila.blogspot.com/





Regras:


1. Você terá que aceitar o award e colocar em seu blog, juntamente com o nome da pessoa que lhe deu o prémio e o link do seu blog.
2. Você terá que oferecer o prêmio para 15 blogs que são merecedores deste prêmio. E não se esqueça de avisá-los sobre a indicação.







Obg Eliane
com carinhoMZ

sábado, 3 de outubro de 2009

10 Palavras

SAUDADE
“...É saudade que guardo aos montinhos
como marinhas de sal que se derretem
no marejar dos meus olhos...”
(Agosto)

SILÊNCIO
“Agora…
Como se fosse a última hora da tarde,
quando o sol já quase se pôs,
Silencio todos os sons à minha volta
Em mim ficam
Os pensamentos...”
(Setembro)

ÚNICO
“...Porque a minha janela é única,
ela é como os meus olhos
e os meus olhos são aquilo que
Eu Sou!...”
(Agosto)

QUIETUDE
“Dei corda ao tempo,
mas ele teimosamente andou para trás...
Atrás dele, voltaram as tardes de Verão em que me espreguicei na minha ingénua adolescência.
Tardes longas de um Verão quase interminável...
Sestas silenciosas numa aldeia de quietude onde nem os pássaros se atreviam a cantar...”
(Agosto)

POESIA
“O dia passou por mim
como as velas de um veleiro
que o vento acariciou
Quando a tarde amadureceu,
vesti-me de fogo
Perfumei-me de mim mesma
e colhi as primeiras estrelas ...”
(Setembro)

PARTILHA
“Aqui,
partilhamos momentos
sentimentos
sensações
estados de espírito
Aprendemos a estar assim nesta forma virtual,
em que as palavras dizem tanta coisa...”
(Setembro)

FRÁGIL
“...Despe a armadura
Limpa o cansaço...
Perfuma-se em flores de cerejeira
Solta os cabelos,
Enlaça a pulseira
e volta a ser
feminina
sensual
frágil...”
(Junho)

FANTASIA
“Nas horas vagas
imagino-me costureirinha...
Costureirinha de letras
formando palavras
em delicado papel de seda
Meus dedos ágeis
modelam vestidinhos de sonhos
na minha vida...”
(Julho)

DÚVIDA
“...Que fazer a palavras
que são armas silenciosas
que te derrubam de dúvidas
mas que também te fazem explodir de sensações?...”
(Julho)

AFECTO
“Presa a ti para sempre...
Parabéns, filho!”
(Setembro)


(Baseando-me nos textos que publiquei até aqui,são estas as 10 palavras com que defino o meu blog, )

MZ

Selo


O meu primeiro selo.
Ganhei ontem.

Foi oferecido pela Eliane Jany Barbanti que sigo em “Fitness”

Ofereço e repasso a todos os que me lêem!
Regras:


A)- Publicar o selo e indicar o blog que o repassou

B)- 10 palavras que qualifiquem seu blog
C) - Oferecer o selo a 10 blogs show que você conhece e avisá-los!


selo oriundo:(http://jesuscristoemminhavida.blogspot.com/)

Um presente não se recusa
Obrigada pelo carinho Eliane

MZ

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

De volta...


Limpo o verniz e o batom.
Dispo a minha roupa
Descalço os meus pés
Guardo o ouro da pulseira
e aperto os meus cabelos...
Volto a cingir ao meu corpo o branco do Kimono
Aperto o meu cinto conquistado

Estou de regresso ao tatami!



(Imagem: Google)

Com carinho
MZ

sábado, 26 de setembro de 2009

Momentos


Hoje…
Agora…
Como se fosse a última hora da tarde, quando o sol já quase se pôs,
Silencio todos os sons à minha volta
Em mim ficam
Os pensamentos
Os sentimentos
Depois, ficam as imagens...
As imagens e o tempo!
Fica o tempo que passou por mim
Dentro do tempo ficam
As Pessoas
Os Lugares
As Paisagens
Os Dias...
Os dias que ficaram para trás
Dias da minha vida que passaram e quase não dei por conta…
Passaram a correr, escaparam-se-me e não os aproveitei.
Esqueci-me que poderiam ter sido os últimos dias, ou mesmo o meu último dia!
Momentos e pessoas que passaram pela minha vida…
Homens, mulheres, lugares, não importa…
Uns passaram simplesmente, outros marcaram-me para sempre...


(a todos os meus amigos(as), momentos e lugares por onde passei e não dei o devido valor)


(fotografia: Raul Alexandre)


com carinho
MZ

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ainda Setembro...


Cresci com Setembro a cheirar a vinho mosto.
Com a adega numa azáfama de pessoas carregando cestos de vime que transbordavam de cachos de uvas negras até o lagar ficar com a medida certa.
Com as mesas improvisadas, onde à hora de almoço se comia substancialmente para repor as energias gastas .
Eram conversas animadas em que o cansaço se desvanecia com a alegria do convívio entre aqueles homens e mulheres que se ofereciam para as vindimas.
Chovesse ou fizesse sol, esperava-os mais cepas retorcidas, mais parras recortadas onde as tesouras procuravam o caule dos cachos de uvas para cortar...
Com um pouco de sorte, também eu ia com eles e ajudava na tarefa. Sempre que alguém encontrava uvas brancas chamavam-me para ser eu (a menina) a cortá-las!
O lagar tinha de ficar pronto para receber à noite os pés dos homens que iriam fazer a pisa.
A noite pertencia aos homens!
Esperava-os uma bacia com água limpa, sabão azul e uma toalha escura onde eles lavavam e limpavam os pés.
Todos os anos era o mesmo ritual.

Há muito tempo que não corto os cachos e não carrego os baldes cheios de uvas maduras.
As minhas mãos já não ficam peganhentas de doçura deste fruto magnífico.

Os anos foram passando, a paisagem alterou-se, as heranças divididas e as vinhas desapareceram para dar lugar a vivendas de família...
As cepas já foram queimadas nas lareiras à alguns anos...
Mas a adega, continua lá... com o lagar, a prensa, os tonéis e as pipas de vários tamanhos

O cheiro a vinho, deu lugar a um cheiro húmido e bafiento e as teias de aranha teimam em fazer ali a sua casa.


(Imagem: Google)



com carinho
MZ

sábado, 19 de setembro de 2009

Filho...



Presa a ti para sempre...


Parabéns, filho!


(fotografia: Sofcos)

Com carinho
MZ

domingo, 13 de setembro de 2009

Quero...



Quero...

Quero que em cada fechar da minha porta
Leves um pedacinho de mim...
Que em cada noite fora de casa não me esqueças...
Como eu quero que em cada voo de regresso a casa me abraces como se fosse a primeira vez!


imagem: google
com carinho
MZ



( Imagem:Google)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Setembro



Setembro...

É tempo do sol se despedir dos corpos que se esticam ainda preguiçosos na areia.
São os últimos mergulhos de mar que ainda é calmo.
É a despedida dos dias quentes e longos que se prologam numa esplanada onde ainda rodam bebidas generosas e conversas pela noite dentro...
É a despedida de muitos amores que se desfazem como corações desenhados na areia que o mar leva na maré cheia!
Mas é também o mês em que muitos amores juram promessas ao fim da tarde e se consolidam...
Gosto de pensar num Setembro romântico com jantares em salas de luar em que a brisa já é quase vento... e aconchega mais os abraços e as paixões.
Setembro...
é romântico, é nostalgia, é despedida...


imagem:google

com carinho
MZ




(imagem: Google)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Boa noite...


O dia passou por mim
como as velas de um veleiro
que o vento acariciou
Quando a tarde amadureceu,
vesti-me de fogo
Perfumei-me
de mim mesma
e colhi as primeiras estrelas ...
Agora,
que noite poisa em alguns fios do meu cabelo
as minhas mãos
semeiam letras
para te dizer
Boa Noite!


com carinho

MZ


(imagem:Google)



quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Aqui


Aqui,
partilhamos
momentos
sentimentos
sensações
estados de espírito
Aprendemos a estar assim nesta forma virtual,
em que as palavras dizem tanta coisa...
Palavras
Agarramo-nos a elas como um reflexo de quem as escreve

Esta noite
O meu pensamento vai para ti
meu amigo de palavras
Poliedro (A.S.)
Vou esperar...
Será um
até já!




com carinho
MZ



(imagem:Google)




segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SOL


Dias de Verão

É bom acordar ainda com o sol na janela
Levantar e meter o pé no chão sem arrepiar
espreguiçar... lentamente...
Deixar a água quase fria correr pelo meu corpo
Vestir-me leve
Demorar-me no pequeno-almoço
Fechar a porta e...
seguir num passo apressado e pensamento ligeiro!

Aos meus pés, uma calçada que é portuguesa
a preto e branco desenhada
Ao lado, uma boca que é do inferno
mas que para mim é só cheiro a maresia
Numa mão, tenho o verde e as flores
Na outra, o azul de um mar que é manso...
Ainda é manhãzinha cedo,
mas as gaivotas já se apressam em voos rasantes na sua pescaria
e eu apresso-me com a sua companhia,
Porque lá, onde ninguém ousou chegar,
lá, no outro inferno que é sol,
e é estrela

já irradia a terra,
aquece e começa a queimar

esta manhã que é a última deste mês de Agosto...




(imagem: google)

Com carinho
MZ

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Fado


Houve uma noite que foi fado
Uma noite vestida de negro
com vermelho nos cravos que treparam
pelo corpo cingido numa melodia de saudade
Acordes de uma guitarra
Fado de luar
Fado de amores e ilusões
Fado que é também de alegrias
que dá vontade de cantar
de balouçar as arrecadas
e de dar ao pé!
Soprou o vento
e ancorados os veleiros
dançaram nas ondas da baía
que é linda!



Faço silêncio...
Aprendo a ouvir o fado
e a gostar do fado
porque a emoção e a saudade,
essas, já eu conheço
nos dias que marcam a minha vida...






foto de: Julieta Domingos

com carinho

MZ

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Madrugada


Ainda é madrugada...
Madrugada de Agosto

Uma serenata de gaivotas despertou o meu sono
Quisera eu trocá-la pelo sussurro das tuas palavras no meu ouvido
Mas foram as gaivotas... eu sei!
Ao meu lado,
deita-se um deserto
que não é dourado nem é de areia
é um deserto branco de lençóis de algodão
Mas eu gosto de lençóis de algodão!
Gosto de me enrolar neles com meu corpo nu
Assim...
como se enrola algodão doce em pauzinhos de madeira
Deixo-me embalar, meio acordada meio a dormir
abraço Hipnos
e deixo-me ficar num estado de quase rêverie
Sinto-me fios de açúcar...
Sonho-me algodão doce que se enrola no teu corpo,
algodão de todas as cores
Sonho-me num bailado lento e demorado
Sonho-me macia
a derreter-me na tua boca
Sonho-me...
Porque era este o meu querer nesta madrugada de Agosto

E as gaivotas,
benditas!
Que me acordaram e envolveram no seu voo
O meu sono
O meu sonho
O meu desejo!



(Imagem Google)






com carinho


MZ