Texto e fotografia,Mz
É fácil plantar cravos – dizem-me as mulheres da aldeia enquanto me pedem os talos dos molhos que levei à sepultura do pai. O pai nunca foi à tropa, nunca lutou no Ultramar devido a um acidente que lhe deixou uma pequena deficiência no braço. Disseram-lhe que lhe atrasava as rajadas de metralhadora. Livrou-se da guerra. Culto e conhecedor de outras políticas, nunca se resignou à ditadura, tornando-se num outro guerreiro e, entre muitos, um dos perseguidos da PIDE - Polícia Internacional da Defesa do Estado Português à época. Frequentava as reuniões na penumbra da noite e as detenções foram acontecendo. A mãe rezava, nessas noites. Quando aconteceu o dia da libertação, a alegria foi fogo que lhe vinha da alma, como se lhe nascesse outro filho. A mãe chorava, porque não lhe saía do pensamento que tamanha conquista se poderia converter numa guerra civil. O caminho, com imperfeições fez-se com rumo e paz e eu, dou graças e festejo. Planto cravos no jardim, vermelhos como devem ser para que se alongue eternamente a memória destes que desfilaram altaneiros nos canos das espingardas em dia de revolução. A revolução que se converteu em poesia e sem haver comparação, ocorre-me que tivemos cravos e não rosas de Hiroxima.
memórias da revolução de Abril
Afectos e dúvidas
Afectos e dúvidas
Belíssima reflexão!!!
ResponderEliminarbj
https://mgpl1957.blogspot.pt/
Muito bom.
ResponderEliminarKis :=}
Um texto maravilhoso, a lembrar as inquietações de antigamente e a dizer-nos que foi um momento tão único na nossa História e que valeu a pena, apesar de tudo...
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Olá, também não fui militar que foi para o ultramar defender umas quantas famílias e empresas protegidas pelo estado novo, mas conheci a realidade do antes do 25 de Abril, também tive familiares femininos e masculinos muito próximos que sofreram as consequências por lutar contra o odioso estado novo, infelizmente ainda existe saudosistas da mocidade portuguesa, hoje são deputados na assembleia da republica e submissos ao chefe deles que morou Belém.
ResponderEliminarPara mim, 25 de Abril sempre e para melhor.
Continuação de feliz semana,
AG
Uma homenagem bonita ao feriado mais bonito e simbólico que temos... Mas que está um tanto maltratado...
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