Havia
fado da Moura na sala e, o tio fazia intervalos entre o sofá e a lareira.
Pequenas e rápidas caminhadas, para atafulhar o fogão de rachas de azinho,
avivando a lareira por um grande pedaço de tempo. A passo largo, voltava ao
sofá e retomava à macieza da camurça sintética, afinava o ouvido e recuperava o
som como se embarcassem juntos, ele a Moura e as guitarras. Aposto que assim, voava
para lá do encanto das notas. E tamborilava. Tamborilava os dedos nos joelhos
murmurando as palavras do refrão, cada vez mais acertado. Entre cada fado, fazia
uma festa ao gato que abria os olhos a muito custo para saber de onde vinha
aquele afago tão vigoroso. Porque estaria o dono tão agitado se lá fora até
chovia?
mz