domingo, 14 de fevereiro de 2016

O Tio e o Fado da Ana Moura


Havia fado da Moura na sala e, o tio fazia intervalos entre o sofá e a lareira. Pequenas e rápidas caminhadas, para atafulhar o fogão de rachas de azinho, avivando a lareira por um grande pedaço de tempo. A passo largo, voltava ao sofá e retomava à macieza da camurça sintética, afinava o ouvido e recuperava o som como se embarcassem juntos, ele a Moura e as guitarras. Aposto que assim, voava para lá do encanto das notas. E tamborilava. Tamborilava os dedos nos joelhos murmurando as palavras do refrão, cada vez mais acertado. Entre cada fado, fazia uma festa ao gato que abria os olhos a muito custo para saber de onde vinha aquele afago tão vigoroso. Porque estaria o dono tão agitado se lá fora até chovia?




mz

7 comentários:

  1. A música transforma-nos :)

    Um beijinho mz

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  2. Quase me senti sentada ao lado do tio, a ouvir Ana Moura e a acariciar o gato.
    A lareira também ajudou... Um belo texto do quotidiano!
    Um beijo.

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  3. Boa tarde, como o seu tio, também sou admirador da Ana Moura, seu tio com experiência que tem na vida, certamente sabia que a chuva ia causar problemas, foi o que aconteceu.
    AG

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  4. Não há chuva que esmoreça um amor.
    E há fados que valem a pena. E a moura?
    Encantada. Parte-se-nos o coração. Não só o tio caiu em tentação. E o gato? A fazer-se de desentendido...

    Venham mais, MZ.

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  5. acho que consigo visualizar a cena, tão bem descrita.

    o gato deve ter ficado bastante admirado.

    gostei muito!

    beijinho

    :)

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  6. ...é um nascer a toda hora.



    abç

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Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada