domingo, 24 de janeiro de 2016

Sonoridades de um dia na aldeia



Como dizia a minha mãe, em dias de vento, anda o diabo à solta. Eram coisas de antigamente e sempre que acontecia, pregava-se-lhe uma dor de cabeça do tamanho do inferno. Fosse lá o que isso quisesse dizer, eu era criança e ficava impressionada. Hoje, lembrei-me disto, porque o vento andou por cá. Uma manhã turbulenta de vento cantor, solto e alegre sem que nada tivesse parecenças a diabo algum. Os gansos grasnaram daquele jeito de que eu gosto e, parecendo combinados, juntaram-se latidos de cães, trovas de galos e crianças em galhofadas. Uma cantoria maluca que, de vez em quando, pausava para dar lugar a “Mitroglou”, a perua de estimação do vizinho do fundo da rua. Desafinada, de grugulejar grave, vozeava mais abafada que os outros cantores. Para nada lhe deve importar a afinação, porque nem todos têm jeito para cantar e, melhor que tudo será, sem desistir do compasso, a espera das migalhas de bolo deste domingo, para amanhã deglutir.


mz

8 comentários:

  1. Adorei ler! Desde as lendas do vento ao cantarolar do peru, ou perua,rs... Muito legal um dia na aldeia! bjs, tudo de bom nessa nova semana,chica

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  2. Que giro!
    Por aqui também começou com vento, foi optimo par secar a roupa :)))
    bjs

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  3. Gostei destas "sonoridades" da aldeia. Fizeram-me lembrar a minha infância, já tão distante, quando ia passar férias a casa do meu avô... Um texto muito bem escrito.
    Um beijo.

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  4. Sonoridades deliciosas. Gostei muito.
    Beijinho e feliz semana

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  5. Não conhecia essa sabedoria popular... É curioso :)

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  6. muito bem escrito...memórias que ficam.
    beijo
    :)

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  7. Poesia ao fim de Domingo, boa forma de encarar a semana que se avizinha! ;)

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Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada