A homilia vai longa e eu, reconcilio-me com o
espaço. A igreja está mais vazia do que nunca, e ao fim de tantos anos, a
mudança na assiduidade é brutal. Com tanto espaço, as tias continuam a
sentar-se no mesmo banco, juntinhas como se tivessem medo do escuro ou da
catequese de antigamente. Eu, sentada lá ao fundo, concentro-me na imagem da Nossa
Senhora do Rosário com o menino ao colo, e penso que valeu a pena, ao fim de
tantos anos, voltar ali e olhar tudo de uma forma mais adulta. Eu sei o motivo
das esculturas barrocas já não irem nas procissões, e aqui sentada, emociono-me
com a arte e a arte, também me dá alguma fé.
mz
fotografia do blogue Diário de Lisboa,