Do lado de fora da montra, o tio vestido de preto vai fumando
os pregos do caixão. E enquanto a aragem fria do início da noite lhe dá
chicotadas nas pernas, olha para o desfile de sapatos da loja nova que a nossa
amiga abriu hoje. É festa, e entre bandejas de petits
fours e flutes de espumante, o som do trompete dourado vai lançando
notas elegantes no meio do burburinho de conversas. Quando me vê, acena-me com
um sorriso comprometido pedindo desculpa num encolher de ombros. Maldito
cigarro!
mz
fotografia do blogue, Diário de Lisboa