terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Primeira cena de dezembro





Do lado de fora da montra, o tio vestido de preto vai fumando os pregos do caixão. E enquanto a aragem fria do início da noite lhe dá chicotadas nas pernas, olha para o desfile de sapatos da loja nova que a nossa amiga abriu hoje. É festa, e entre bandejas de petits fours e flutes de espumante, o som do trompete dourado vai lançando notas elegantes no meio do burburinho de conversas. Quando me vê, acena-me com um sorriso comprometido pedindo desculpa num encolher de ombros. Maldito cigarro!


mz





fotografia do blogue, Diário de Lisboa

7 comentários:

  1. Bonito texto, maldito cigarro.
    Acontece todos os dias, meses e em todas as datas.
    O homem degrada-se e mão vê como soltar-se destes grilhões.

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  2. "O som do trompete dourado", como gostaria de ter ouvido.
    Beijo, mz.

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  3. O cigarro pode não combinar com saúde, mas combina com o trompete dourado :)

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  4. Às vezes, o cigarro é bendito... :)

    Beijos, mz. :)

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  5. O cigarro, a carne, o chocolate, o café, os doces, a bebida ... que bela carpintaria!
    Depois a praga dos parquimetros, taxas, impostos, televisão, publicidade, ... e natal, quando o que nós precisamos é de NATAL.
    Bj.

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  6. belo texto...gosto do som do trompete...até dá pra desculpar o cigarro.
    Brisas doces *

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Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada