terça-feira, 5 de novembro de 2013

Lisboa - Cor de Ouro





Quando me sento à beira do rio, naqueles dias em que o sol é da cor de ouro, o Tejo é um fluido louro, um lingote aquoso onde vejo ondular o meu tesouro. Num olhar turvo com cor de girassol, corre-me um sonho recatado e quieto, um aconchego morno que vem de dentro e se funde com o aspecto. Nesta fusão, atrevo-me num aceno à ponte, à senhora alta. E na sedução, aquela que é passagem e que é aço, também amolece. Suspende a sua grandeza, deixa a sombra no lugar de sempre, e desce. Senta-se a meu lado e pasma. São vinte e quatro quilates de pura beleza. Não se compra, não se vende, não vai a licitar. É como a fé. É a proclamação de um sentimento único, um credo mouro e alfacinha desta cidade Lisboa.


mz





Imagem: fotografia do blogue, Diário de Lisboa