segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Ponto Negro.


Primeiro, pareceu-me apenas um ponto negro na toalha de mesa. Minúsculo. Dei por mim com uma lupa a verificar que surpresa tão miúda era aquela. Uma concha espiralada. Uma casinha perfeita. Um caracolinho tenrinho e a sua baba de prata!
Pequenino, tal qual um ponto negro. Era o suspeito na minha toalha.
Concluída a busca e reconhecimento, Le Petit Escargot, deveria ter sido esmagado logo à primeira hipótese.  Mas coloquei-o sobre uma ramada de hortelã que tenho num dos vasos de ervas aromáticas do meu também minúsculo jardim de varanda larga.

E escrevo este texto banal, porque, mesmo nas coisas mais insignificantes, vamos alterando formas de estar. O facto de me encontrar  longe  da aldeia, faz-me esquecer as vezes que eu maldisse destes predadores de alfaces tenrinhas e morangos da horta de minha mãe. Agora, entendo a minha amiga Alex que tem umas quantas galinhas velhas apenas para darem ovos e se recusa definitivamente a fazer delas umas boas canjas caseiras.


Mz
Imagem: Galeria de obras de Fernando Brotero
Pintor e escultor colombiano