Primeiro, pareceu-me apenas um ponto negro na toalha de
mesa. Minúsculo. Dei
por mim com uma lupa a verificar que surpresa tão miúda era aquela. Uma concha
espiralada. Uma casinha perfeita. Um caracolinho tenrinho e a sua baba de prata!
Pequenino, tal qual um ponto negro. Era o suspeito na minha toalha.
Concluída a busca e reconhecimento, Le Petit Escargot, deveria ter sido esmagado logo à primeira hipótese. Mas coloquei-o sobre uma ramada de hortelã que tenho num dos
vasos de ervas aromáticas do meu também minúsculo jardim de varanda larga.
E escrevo este texto banal, porque, mesmo nas coisas mais insignificantes, vamos alterando formas de estar. O facto de me encontrar longe da aldeia, faz-me esquecer as vezes que eu maldisse destes predadores de alfaces tenrinhas e morangos da horta de minha mãe. Agora, entendo a minha amiga Alex que tem umas quantas galinhas velhas apenas para darem ovos e se recusa definitivamente a fazer delas umas boas canjas caseiras.
Mz
Imagem: Galeria de obras de Fernando Brotero
Pintor e escultor colombiano
Lindo texto, faz pensar...Mudamos os olhares,não?Mudamos os pensares também! beijos,chica
ResponderEliminarChica,
ResponderEliminarbanal, mas deu para reflectir.
Bjs
Menosprezar pequenas particularidades da vida, só porque algum dia nos foram prejudiciais, é o mesmo que parar no tempo e recusar a mudança adormecendo o pensamento e cegando o nosso olhar!
ResponderEliminarBjinho*** MZ pelas tuas sentidas crónicas.
Maria,
ResponderEliminarexiste uma forma de cegueira que funciona como um bloqueio ao entendimento e respeito pelos outros. Mas isto já não é um ponto minúsculo é um buraco que gera conflito na sociedade.
Obrigada,
Bj*
Mas que muitos se "recusam" a ver porque têm receio de ser engolidos por essse "buraco negro" e o pior cego não é o que não vê mas sim o que não quer ver!
ResponderEliminar*
Maria,
ResponderEliminarconcordo!
Então entendes bem a minha alegria cada vez que uma flor abre no meu jardim, ou o 1º tomate amadurece como foi o caso hoje, e os figos que começam a ficar cheios? e mais não digo senão vais a correr atacar o quintal da tua mãe rsrsrsr
ResponderEliminarBjs
Lilás,
ResponderEliminarno teu quintal, estes bichinhos andam distraídos, só pode, é tudo tão lindo!
Bjs :)
Um texto que me faz pensar,mas ainda assim existe bicharada que se propaga em tempo luz e que destroem toda a horta e pomar.
ResponderEliminarUso cá em casa as célebres armadilhas que muitos aplaudem mas ainda assim não dão os resultados desejados.
As melgas ...ais as melgas....são tantas, tantas...
Luís,
ResponderEliminaros caracóis não se apanham com armadilhas :) é com cinza da lareira, espalhada já fria pelas hortaliças e frutos rasteiros. Sabia?
:)
Como se ama uma planta que não floriu?
ResponderEliminarComo se ouve um coração em silêncio total?
Como se sente uma dor que a paixão desenhou?
Como se alcança o Sol quando o dia morreu, acabou?
Um Outono invadiu esta ausente Primavera
Povoei esta ilha com palavras em baixela de poesia
Encontrei uma casa da manhã com verdade e revolta
Construi a claridade com fogo de uma chama já morta
Bom fim de semana
Doce beijo
O Profeta,
ResponderEliminar...que seja num dia que já é Verão.
Obrigada por partilhar a sua poesia
como eu te percebo Mz
ResponderEliminarqualquer bicharoco que apareça em casa eu, com toda a paciência, devolvo-o ao quintal e às folhas verdes
e
banal é que não é o texto! tem a simplicidade das coisas importantes
um abraço
Aos pontos negros costumo espremê-los, não dissertar sobre eles... ;) Beijoca!
ResponderEliminarManuela,
ResponderEliminarsim, também concordo.
Outro [abraço]!
Rafeiro,
ResponderEliminare um cão conseguia lá dissertar, sobre um ponto negro!
;) bj*
Tantas vezes, reagimos com a "rotina" à presença destas situações...
ResponderEliminarDevo admitir que não teria pensado em fazer o que fizeste, mas deixaste-me a pensar, o que já não é mau...
Então, não João?
ResponderEliminarMediante os lugares e o tempo onde permanecemos adaptamo-nos e transformamos formas de estar.
Sobre a aldeia, acho que quando lá estamos, comungamos de uma forma muito mais realista em relação à sobrevivência e proteção das culturas.
Os caracolitos comem as nossas alfaces, roem os nossos moraguitos, e nós, rogamos-lhe pragas e acabamos com eles... ponto!
Temos a consciência que os animais se criam para comer e têm de ser mortos... inevitávelmente!
Não existe um botão que se carrega e aparecem os alimentos no supermercado sem qualquer tipo de violência.
Somos predadores. Engordamos em gaiolas, para matar e comer. Essa é a verdade.
Por vezes, são os pequenos caracóis que aparecem de forma inesperada que nos fazem sorrir num dia cinzento.
ResponderEliminarA natureza dá pequenos grandes ensinamentos a quem os souber receber.
Coisas simples, como este ponto negro... e as "figurinhas" que fazemos ;)
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