Uma criança viaja e inventa lugares com as coisas mais simples que se pode imaginar...
Havia uma cristaleira antiga na sala de jantar da casa do meu avô. Um dos móveis deixados em herança pela minha avó falecida ainda muito jovem mas já com os quatro filhos que dera à luz em casa e, os únicos que o meu avô teve até ao fim dos seus dias. Eu deveria ter pouco mais de cinco anos e, através dessa cristaleira, durante muito tempo, fiz ali as minhas mais fascinantes viagens. O meu Portal com vidrinhos pequeninos e madeira artisticamente talhada exibia um objecto que me punha os olhos vítreos.
Proibido mexer! Mas eu tocava às escondidas... e vivia pedaços de tempo sem pestanejar mergulhando os meus olhos castanhos num vestido vermelho muito cintado torneando um corpo cibernético que se alongava por uma cascata de folhinhos de renda sobrepostos, vestindo uma bonequinha Sevilhana de cabelos muito negros amarrados por uma grande flor rubra de organza. Toda a informação que conseguia obter não me satisfazia e, os meus pais, prometiam-me uma viagem a Espanha que nunca mais se realizava. Enquanto isso, o meu Portal transportava-me e eu sonhava com um lugar onde as mulheres usavam vestidos espantosos, flores na cabeça e um leque que eu imitava com uma folha de papel em forma de concertina.
Havia uma cristaleira antiga na sala de jantar da casa do meu avô. Um dos móveis deixados em herança pela minha avó falecida ainda muito jovem mas já com os quatro filhos que dera à luz em casa e, os únicos que o meu avô teve até ao fim dos seus dias. Eu deveria ter pouco mais de cinco anos e, através dessa cristaleira, durante muito tempo, fiz ali as minhas mais fascinantes viagens. O meu Portal com vidrinhos pequeninos e madeira artisticamente talhada exibia um objecto que me punha os olhos vítreos.
Proibido mexer! Mas eu tocava às escondidas... e vivia pedaços de tempo sem pestanejar mergulhando os meus olhos castanhos num vestido vermelho muito cintado torneando um corpo cibernético que se alongava por uma cascata de folhinhos de renda sobrepostos, vestindo uma bonequinha Sevilhana de cabelos muito negros amarrados por uma grande flor rubra de organza. Toda a informação que conseguia obter não me satisfazia e, os meus pais, prometiam-me uma viagem a Espanha que nunca mais se realizava. Enquanto isso, o meu Portal transportava-me e eu sonhava com um lugar onde as mulheres usavam vestidos espantosos, flores na cabeça e um leque que eu imitava com uma folha de papel em forma de concertina.
Imagem pesquisa google: Kelly rae roberts
Escrito para: Fábrica de Letras
Tema: "Viagens"
Com carinho
Mz
E faziam música com castanholas!! :)) Quando era pequena, também tinha uma adoração pelas vestes das Sevilhanas...aqueles folhos todos, os pentes e flores no cabelo... e mais tarde, (muito mais tarde...) visitei Sevilha e fui a uma Féria com todasa smulheres assim vestidas... adorei! Antigamente, as crianças raramente mexiam nas coisas, muitas vezes até nso seus pr+oprios brinquedos! :) Mas a imaginação reinava... a criatividades nas brincadeiras sem objectos exoplícitos era infinitamente maior e elas viajavam mesmo... gostei deste portal que nos levou no tempo até à tua meninice. :) Beijinho
ResponderEliminarO tema "viagens" também despertou o teu interesse e correspondeste da melhor maneira.
ResponderEliminarEva,
ResponderEliminarpara além da boneca, ainda havia os caramelos... ai os caramelos que os meus pais me traziam!
O meu primeiro momento com estas sevilhanhas foi curiosamente cá em Portugal numa noite de fim de ano no algarve. Só mais tarde, na verdadeira noite madrilena em casas típicas, eu comecei a assistir aos verdadeiros espectáculos cheios de alma e salero!
Bjnhs
Pinguim,
ResponderEliminarjá à algum tempo que eu queria escrever sobre esta lembrança e o tema deste mês para a Fábrica de Letras, deu-me o momento ideal.
O meu avô paterno era Espanhol talvez por as raizes serem fortes cedo fui presenteada com um vestidinho lindo de sevilhana, adorava-o! rápidamente cresci e o vestido deixou de servir, tantas vezes olhei a única fotografia do dia em que o vesti pela 1ª vez...
ResponderEliminarGiro o teu texto, lembrou-me de como eu era também sonhadora!!!
Bjs
Lilá(s)
ResponderEliminartenho as castalholas e alguns leques, mas vestidinhos nunca tive... ainda não é tarde... quem sabe se ainda não terei um!
Bjs
Que lindo...Me fez viajar também... Na casa de minha mãe há uma cristaleira de vidro, cheia de coisas e coisinhas... Nós NUNCA conseguimos encostar pois o verbo de minha mãe existiu sempre a 1ª pessoa.Tudo era apenas ELA...Para ela.EU,eu,eu,eu.... Sempre. Resultado...Os netos chegaram, nasceram, cresceram e a dita cristaleira ninguém pode abrir e mexer... Hoje, ela se encontra numa clínica de recuperação.Sua casa vazia, as vontades de mexer passaram...Tudo pra nada, trancado na cristaleira...( quase fiz um texto aqui, rsr aliás, qq dia vou fazer!)
ResponderEliminarbeijos,chica
Chica,
ResponderEliminaraté concordo que quando somos pequeninos, alguns objectos devem ser mantidos à distância, mas, depois de crescidos deixa de haver razão para tal. Que pena a sua mãe... lamento!
Todas as pessoas que por aqui passam, podem alongarem-se nos comentários, por isso, é sempre bem vindo tudo o que escreverem.
Bjs
Boa noite, Mz
ResponderEliminarUma belíssima narrativa dos dias felizes e dos artefactos dos teus avós.
Belo.
A vida é uma verdadeira Viagem.
ResponderEliminarViajar é tudo bom. Bela participação. Estamos ai contigo.
http://sandrarandrade7.blogspot.com/
Vou te esperar na Interação para compartilharmos dessa bela viagem..
Até mais,
Sandra
Afinal o portal apenas te transportava para Sevilha...
ResponderEliminarJPD,
ResponderEliminaros avós deixam-nos sempre recordações que jamais esqueceremos.
Obrigada
Sandra,
ResponderEliminara própria vida é de facto a nossa verdadeira viagem!
Rafeiro Perfumado,
ResponderEliminarera um Portal muito limitado, mas era o meu Portal!
As crianças têm uma imaginação fabulosa que lhes permite viajar para qualquer lado. Mas há medida que crescemos essa imaginação vai desaparecendo e as nossas viagens imaginadas tornam-se mais escassas e menos interessantes.
ResponderEliminarCabe-nos a nós lutar contra isso e manter essa imaginação activa.
Cabe-nos a nós manter essa criança.
E se isso acontecer e um dia me disserem "És mesmo uma criança!", tenham a certeza que responderei: "COM MUITO GOSTO!!!"
Utópico,
ResponderEliminartambém concordo!
E que bonitas e empolgantes eram essas aventuras que vivíamos sem sair da nossa casa... O teu texto fez-me mesmo sonhar com esses tempos... =) um beijinho
ResponderEliminarBriseis,
ResponderEliminarser criança é mesmo assim... não precisa de muito para sonhar e viajar.
Bjnhs
As crianças têm uma verdadeira fonte de evasão ao mundo, à realidade, e nós temos que saber guardar esse pedaço de nós. Bela participação!
ResponderEliminarBeijos
Mz:
ResponderEliminarAdorei o seu texto.Todos nós,os mais vividos,guardamos da nossa infância espaços ou objectos que nos foram interditos, e, que por isso mesmo, fizeram crescer em nós o desejo da transgressão...ou do sonho.
Fizeste-me lembrar as minhas próprias viagens da infância. Não era com uma cristaleira, era outro veículo, mas algumas das viagens/sonhos ainda estão por concretizar...
ResponderEliminarCAtsone,
ResponderEliminareu tive esta espécie de "portal" uma cristaleira antiga, para sonhar/viajar... quando era criança e a vida era muito difíci para os meus pais. Viajava-se de carro em estradas quase caminhos de aldeias dos dias de hoje.Cresci e, há mais de vinte anos que tenho hipótese de viajar de avião com mais facilidade que o comum dos portugueses. Sôfrega de conhecimento de outras paragens, tive a minha época dourada para o fazer e fiz... Agora, já estou cansada e o meu sonho que sempre foi o mar... ainda não o realizei. Os cruzeiros, estão guardados para mais tarde se tiver saúde e, quando a crise amenizar vou começar a pensar nisso. Vamos aguardar e nunca deixar de sonhar!
Que boa forma de viajar... e económica!
ResponderEliminarJohnny,
ResponderEliminarcomum a toda a gente...