quinta-feira, 14 de julho de 2011

Viagens...



Durante anos enquanto criança, sempre que me falavam de uma grande viagem, assaltava-me o mar alto e grandes navios. Era inevitável. Cresci com relatos de histórias verídicas que o meu avô contava das suas idas ao Continente Americano.
Navios de gente que arrastavam dias e dias num mar imenso. Dias intermináveis que eu imaginava e fantasiava de uma forma fantástica. Para além do mar alto e dos grandes navios, esses tempos antigos fascinavam-me de uma forma romântica sustentada pelas fotografias amareladas que conseguiam anular qualquer sombra de pobreza. As malas eram o que me incomodava mais nas suas histórias. Como seria fazer uma mala em que a roupa se misturava com bacalhau, chouriços, presunto, tudo muito bem embrulhado em papel pardo e cordel. Ainda garrafas de azeite e vinho do porto muito bem protegidas com papel de jornal. Como seria abrir uma mala com todos estes cheiros, e ainda o cheiro da roupa que deveria estar impregnada de naftalina?
Confesso que me mete confusão todos esses cheiros dentro de uma mala, porque sou metódica com a minha mala de viagem e não suporto cheiro de comida na minha roupa.
Viajasse eu nesse tempo... e as esquisitices decerto que me passavam!



imagem: google





Com carinho
Mz





23 comentários:

  1. Tem piada, que isso não me perturba nem um pouco. Estavas a descrever a mala, e eu a imaginar as emoções de quem faria malas dessas...ainda assim, com todo o cuidado e carinho, uma mala cheia de esperança, ansiedades, saudades, ... Detesto o cheiro a naftalina, mas adoro histórias que contenham malas que cheiram a naftalina :)) Viajar nessas tempos, era uma ocasião de uma magnitude inimaginável, envolta em preparos imensos, e organização possível dentro da limitação das próprias malas. . :) Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. Isso já é de um passado muito longínquo...
    Recordo-me de ver filmes com situações dessas, um deles muito bom: "América, América", penso que do Elia Kazan.

    ResponderEliminar
  3. Eva G.
    malas com cheiro a naflalina, só as do sótão! Aí,também me perco de tempos a tempos.
    Bjinhs

    ResponderEliminar
  4. Diário de um Anjo,
    é!

    ResponderEliminar
  5. Pinguim,
    muuuuuuuuuito longínquo!

    ResponderEliminar
  6. Boa noite, MZ

    Lembras-te do Titanic (Quem não viu o filme, afinal)
    As cenas do embarque são eloquentes quanto à estratificação social e, de certa forma,respondem à questão que referes.

    Actualmente, viaja-se com mais sofisticação -- É claro que as viagens dos emigrantes dos anos 60 do Sec. passado replicavam muito as memórias que o teu avô transmitiu -- mas aos cheiros convencionais há muito amiúde os cheiros requintados mas fora de estação (Exemplo: acentuadamente doces, em vez de frescos e insinuantes, no Verão)

    Nos aeroportos, junto ao tapete de descarga de bagagem, chega a dilacerar ver a angústia dos passageiros que perderam as bagagens e o monitor -- Esse tirano, a repetir, incansável, a frase «Unloaded!»

    (Voltei aos comentários -- Fui e vim! -- e, não tarda, a etiqueta «Férias» desaparecerá do rodapé das edições «Agendadas»

    Bjs

    Notinha:
    Imagina que gostavas de ser música e que a tua escolha de instrumento tinha sido o Contrabaixo -- Aquele monstro de 4 cordas, a rebentar de swing.
    À chegada à Portela não entrava no tapete para regressar contigo a casa.
    O que aconteceria?

    Diru di-di- du-du!

    ResponderEliminar
  7. Imagino a felicidade de quem, por ventura ,estaria do outro lado do oceano, abria a mala e se regalava com todas aquelas iguarias. Realmente a mim, se estivesse nessa situação , apenas me incomodaria o cheiro a naftalina, mas punha logo as coisas a arejar,que também sou esquisito com cheiros e já estava :)Deviam ser fantásticas esta viagens!

    ResponderEliminar
  8. Regressado de férias, passo só para agradecer a visita ao meu CR e a oportunidade que me deu de conhecer o seu blog.
    Peço desculpa, mas aqui o Google só me deixa comentar como Anónimo. Sorry!
    CBO ( cronicasdorochedo)

    ResponderEliminar
  9. MZ a única ideia que havia era matar saudades da terra natal, dos sabores e dos cheiros do país longínquo. As esquisitices nasceram com as "supostas" facilidades. Naquela tempo tudo era apreciado. A mim faz-me confusão é o desinteresse que as pessoas hoje dedicam a tudo. Deitar para o lixo, destruir não incomoda as pessoas. Antigamente valorizava-se tudo muito mais. Esses sabores e esses cheiros eram uma relíquia.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  10. JPD,
    Ah...! Se eu fosse um contrabaixo pedia ao meu dono para viajar ao lado dele com cinto de segurança e direito a almofada de descanso. Jamais iria para o porão de carga. Dois bilhetes sempre!

    ResponderEliminar
  11. Cheiro a naftalina não suporto, mas agora o presunto e o chouriço já não digo que não...aliás era só lavar a roupa e pronto...
    Vou fazer a mala mas com cuidado, não posso ultrapassar os 20kg e nada de chouriços...

    Bjs

    ResponderEliminar
  12. Diário de Lisboa,
    se eu estivesse do outro lado também iria ficar contentíssima com as coisas boas. Mas o cheiro a naftalina não desaparece da roupa apenas com o arejamento :)))
    Lavar e lavar muito bem!

    ResponderEliminar
  13. Crónicas do Rochedo,
    já foi à tanto tempo...
    Obrigada!

    ResponderEliminar
  14. Brown Eyes,
    infelizmente é verdade mas os tempos não estão para estragar ou desperdiçar nada.
    Eu também levava as iguarias, mas num saquinho à parte. Se pudesse ser, nada de misturas com a roupa!
    Bjnhs

    ResponderEliminar
  15. Lilá(s),
    sim, bem lavadinha de preferência.
    Boas férias!

    Bjs

    ResponderEliminar
  16. Se és assim, evita andar de Metro, pois a mistura de cheiros é ainda pior do que essa mala que descreveste. Beijoca!

    ResponderEliminar
  17. Soltei uma gargalhada...já somos duas...não faço ideia do que será viajar com esses cheiros e aromas ...nunca aconteceu...mas lembro-me de familares que traziam malas cheias de chocolates e afins ...confesso que eram odores maravilhosos...Também eu, tal como tu, cresci a imaginar como seriam as terras distantes...viajar de barco...sonhar , sonhar sem parar...revejo-me muito neste teu texto!!!
    Beijo

    ResponderEliminar
  18. Rafeiro Perfumado,
    então, isso é o Metro com todos... os cheiros!
    Beijocas!

    ResponderEliminar
  19. Pedrasnuas,
    ainda hoje, sabendo que viajar naqueles tempos não era nada fácil, sinto sempre uma espécie de nostalgia romântica e até mesmo fantasiosa e infantil.

    Bjs

    ResponderEliminar
  20. .

    .

    . este relato levou.me à minha infância . o meu padrinho . embarcado no Paquete Príncipe Perfeito trazia de África e especialmente de Moçambique . histórias para contar . artefactos para admirar e um saber empírico de pasmar .

    .

    .

    ResponderEliminar
  21. Intemporal,
    e quem de África chegava que histórias fantásticas tinha para contar...

    Obrigada

    ResponderEliminar
  22. Foste tão bem com este primeiro parágrafo!

    ResponderEliminar

Saber que alguém me lê, é bom.
Retribuirei a vossa visita com muito gosto.Obrigada