sexta-feira, 2 de julho de 2010

Sons...


Ainda há pouco era o silêncio...
O silêncio da noite adormecida.
Agora, a madrugada arrasta com ela uma mistura de sons.
Um canto de galo junta-se ao chilreio dos pardais. Já ladram os cães ao longe.
Ainda de olhos fechados, conto as badaladas do relógio da torre da capela lá no Largo.
Perdi-me...
Não me interessa saber se está na hora de levantar!
Não quero saber se é cedo ou tarde...
À semelhança da madrugada, também eu arrasto a minha preguiça. Aquela preguiça dos primeiros segundos de olhos entreabertos, de imagens difusas e de cristais de sono que me impedem de ver com nitidez.
Sigo-me pela intuição e afasto-me de alguns obstáculos.
Espreito à janela...
O dia amanhece num véu de neblina.
Um céu sem azul, com milhões de gotinhas microscópicas.
Simplesmente diáfano!
Volto para a cama.
Fico quieta, a fazer de conta que não penso em nada.
Fico apenas ali.

Um foguete!
Estremeço...
Atrás deste, outro disparou e mais um e outro!
Devo ter adormecido...
Já oiço os motores da civilização. Um automóvel, ou vários...
Uma motorizada, uma máquina da relva ou um atomizador a sulfatar as hortas...
Não sei. Não consigo distinguir um do outro.
O sol já se mostra... e a minha vontade agora é diferente.
Que venham todos sons, os antigos e os modernos, os sons do dia, das pessoas...
Os sons da vida!




Para a  Fábrica de Letras com o tema - “DISPAROU” este Mês de Julho


imagem daqui

Com carinho
MZ