Ainda há pouco era o silêncio...
O silêncio da noite adormecida.
Agora, a madrugada arrasta com ela uma mistura de sons.
Um canto de galo junta-se ao chilreio dos pardais. Já ladram os cães ao longe.
Ainda de olhos fechados, conto as badaladas do relógio da torre da capela lá no Largo.
Perdi-me...
Perdi-me...
Não me interessa saber se está na hora de levantar!
Não quero saber se é cedo ou tarde...
Não quero saber se é cedo ou tarde...
À semelhança da madrugada, também eu arrasto a minha preguiça. Aquela preguiça dos primeiros segundos de olhos entreabertos, de imagens difusas e de cristais de sono que me impedem de ver com nitidez.
Sigo-me pela intuição e afasto-me de alguns obstáculos.
Espreito à janela...
Sigo-me pela intuição e afasto-me de alguns obstáculos.
Espreito à janela...
O dia amanhece num véu de neblina.
Um céu sem azul, com milhões de gotinhas microscópicas.
Simplesmente diáfano!
Um céu sem azul, com milhões de gotinhas microscópicas.
Simplesmente diáfano!
Volto para a cama.
Fico quieta, a fazer de conta que não penso em nada.
Fico apenas ali.
Fico apenas ali.
Um foguete!
Estremeço...
Atrás deste, outro disparou e mais um e outro!
Devo ter adormecido...
Estremeço...
Atrás deste, outro disparou e mais um e outro!
Devo ter adormecido...
Já oiço os motores da civilização. Um automóvel, ou vários...
Uma motorizada, uma máquina da relva ou um atomizador a sulfatar as hortas...
Não sei. Não consigo distinguir um do outro.
O sol já se mostra... e a minha vontade agora é diferente.
Que venham todos sons, os antigos e os modernos, os sons do dia, das pessoas...
Os sons da vida!
Os sons da vida!
Para a Fábrica de Letras com o tema - “DISPAROU” este Mês de Julho
imagem daqui
Com carinho
MZ
Isso, parece o meu acordar, quando vou lá para cima de férias!
ResponderEliminarGostei muito.
xx
O meu amanhecer costuma ser asim, demoro sempre a acordar para os sons do dia, das pessoas e da vida.
ResponderEliminarGostei da participação.
Fabuloso!
ResponderEliminarParabéns!:)
bji
És muito boa a traduzir a natureza, o movimento, os sons, resumindo: a vida. Beijinhos
ResponderEliminar=) girooo... os sons da vida!
ResponderEliminarUi o som dos foguetes a mim deixa-me incomodada... gostei! beijoca
ResponderEliminarA forma como encadeas-te a sequência muito boa!
Papoila,
ResponderEliminareste também foi um acordar lá no Norte, na aldeia...
:)
Vera,
precisas de tempo, não é?
Obrigada e bem-vinda!
Nina,
ResponderEliminarmuito obrigada pelo teu 'Fabuloso!'... é só mais um texto simples, como tudo o que deixo aqui.
Obrigada,
bj
Brown Eyes,
ResponderEliminarum segredo... chui... vou escrever muito baixinho...
No texto, eu fingi que fiquei quieta.
Fiz de conta que não pensava em nada mas, na verdade estava a escrever este texto e todos os sons que ouvia, lá na aldeia.
beijinho
por entre o luar,
ResponderEliminar"...os sons da vida..."
eu diria antes, 'egoísta'... pois esqueci-me que existem outras pessoas que 'VIVEM' sem escutar estes sons.
Como será viver no silêncio total?
Poetic Girl,
ResponderEliminaré assim em tempo de festa.
Na aldeia, os foguetes anunciam o acontecimento. (agora com regras apertadas por causa dos incêndios)
beijinho
Que lindo e os sons que lembram a vida são lindos!beijos,chica
ResponderEliminarNem imaginas como adoro quando aqui venho e falas da tua aldeia, leio-te e sonho que estou por lá...fabulosas palavras que me fazem assim sentir.
ResponderEliminarBeijos
e muitos disparos, alguns assustadores, outros, confortadores, tomarão o nosso cotidiano.
ResponderEliminarNo fim do dia somos uma infinita compilação de sons e disparos; fazemos parte da louca engrenagem, disparados, acelerados: vida a mil por hora.
Colhi imagens incríveis do texto.
Sons, sons, sons, todos.
Silêncio também.
Beijos.
Ricardo
É o primeiro texto que leio sobre o novo tema da Fábrica de Letras e encantou-me.
ResponderEliminarMais uma vez e parece que vai ser sempre assim, não concordo nada com o tema escolhido; parece que se esgotaram os remas concretos; agora a moda é dizer uma palavra, pode ser um tema verbal, como este, e aí está...
Parecem os filmes do M.Oliveira, abstractos, lentos e intelectualizados...
Mas quem sou eu para "botar faladura"? Não escrevo sobre o tema e está feito.
Por tudo isso ainda mais ressalto o valor deste teu texto, pois arranjaste uma forma simples de contornar um tema oco...
Fizeste-me lembrar das férias passadas na província, em criança. Mas normalmente acordava com o som do burro, do galo ou do porco. Se calhar não ia lá na época das festas, por isso não ouvia os foguetes.
ResponderEliminarGostei muito do teu texto. Beijinhos
Há efectivamente noites assim, que vão do silêncio aos sons da vida que nunca pára, por mais quietas que fiquemos. Gostei muito. Como gosto sempre das tuas palavras.
ResponderEliminarUm beijinho :) (de fugida do pc do filhote)
Muito bom este amanhecer. Tenho um ódio de estimação por foguetes mas mesmo assim gostei do texto.
ResponderEliminarEXTREMAMENTE POÉTICO,NATURAL,DOCE...ADOREI A IDEIA DO FOGUETE ROMPER O SILÊNCIO...ACHEI A TUA PROSA FANTÁSTICA E BEM ORIGINAL.
ResponderEliminarBJS
*Chica,
ResponderEliminareu dispensava os foguetes de bom agrado!
Bjs
*Lilá(s)
é bom saber que te faço viajar até à aldeia :)
Beijos
*Ricardo F.
sons, sons, sons...
Como seria na impossíbilidade de não os
podermos escutar... escreveria eu este texto?
beijos
*Pinguim,
uma palavra, um tema e um texto encomendado...
Nem sempre é fácil escrever com algum
conteúdo sem se cair no obvio.
Tenho a certeza que o Pinguim teria
muitas histórias para nos contar partindo
apenas desta palavra!
Obrigada por me ter lido, como sempre!
*Helga,
ResponderEliminarnas poucas noites silênciosas existe toda
uma azáfama de sons vindos da natureza e
nem só.
Uma ave e todos os bichos
nocturnos, as brisas de Verão e as
tempestades de inverno... os estalidos da
madeira na floresta.
Uma ou outra pessoa... ou várias...
Outros sons que eu não decifro...
Mas esta madrugada que descrevo,
entorpecida pelo sono, acreditei que antes
de acordar, O SILÊNCIO ERA TOTAL!
Um beijinho também para ti
*El Matador,
ResponderEliminartambém não sou amante de foguetes. H
Hoje já não se justificam para avisar um
evento.
Salvo os de fogo de artifício pelo
fantástico espectáculo que nos proporciona.
*Pedrasnuas,
ResponderEliminareu gosto do tom poético ao escrever qualquer
coisa...
Simples como sempre, porque não sou uma
pessoa intelectual, nem pretendo ser o que
não sou.
Poderia ter levado o "disparou" para o som
de uma arma, para outros sons em teatro de
guerra...
Poderia levar essa palavra para contornos
de assassínio como poderia falar do disparo
da bolsa na nossa economia.
Mas aquele foguete assustou-me e foi assim que
surgiu este texto.
Muito obrigada
um beijo!
AI AI QUE BOM É LER-TE
ResponderEliminarDe madrugada quando os nossos sentidos estão no seu alerta máximo e que é possível destinguirmos os sons um a um, mas que pouco a pouco se vão misturando de tal forma que o ruído é um só. Termina a calma, temos de nos levantar e regressar às nossas lutas. Gostei muito MZ. Beijinhos.
ResponderEliminarTambém gostei da tua interpretação ao meu texto, Olga.
ResponderEliminar"...mas que pouco a pouco se vão misturando de tal forma que o ruído é um só..."
beijinhos
MZ passa no meu blog, tens lá selinhos. Mereces. Beijinho grande
ResponderEliminarBom dia, Brown Eyes,
ResponderEliminarvou lá sim!
Muito obrigada.
Quando vai tudo para o sul, a MZ vai para o norte... se calhar faz bem, ao menos não há enchentes.
ResponderEliminarEu sou uma mulher do Norte!
ResponderEliminarLonge geográficamente, por isso as sudades são constantes.