sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sem abrigo





Um "sem abrigo" em condomínio fechado...
Vive um onde moro. Alguém o adoptou e reeducou a voltar a viver entre quatro paredes.Alto, magro, pele macilenta. A barba é feita só uma vez por semana e, o seu rosto está quase sempre coberto pela sua farta cabeleira de caraçóis negros que ondulam conforme o vento ou com os seus movimentos bruscos. As suas roupas são limpas, embora se note que não foram compradas para ele. Quase  todas as calças deixam mostrar as suas meias e em gíria  popular, parecem estar zangadas com os sapatos.

Não é jovem, mas também não é velho. É dificil definir a sua idade.Parece sofrer de alguma doença mental...Tem ar de louco.
O nosso jardim, recebe-o sem descriminação. Mas quem o frequenta torce o nariz. Eu também. Não sou hipócrita.
Tem um relacionamento com um dos bancos do jardim e senta-se sempre no mesmo.Por vezes, escolhe ficar debaixo dele. Louco!
Outras vezes, deita-se à sombra de uma árvore, mas sempre bem pertinho do "seu" banco.
Nunca falei com ele.Não sei o que lhe vai na alma.Só sei o que vejo!

E, naquele banco de jardim...Ele cruza e descruza as pernas.Esperneia.Barafusta.Os seus braços, gesticulam sem nexo.A sua cabeça não pára, e em movimentos rápidos olha para um lado e para o outro, como se existisse algo a persegui-lo.Todo o seu corpo balança em movimentos descoordenados.Por vezes, esfrega a cara, leva a mão ao bolso e tira um cigarro.Fuma-o gulosamente dando a entender que talvez seja o último da sua vida.

Tal como o jardim, também este banco o aceita como ele é.Com toda a sua demência e sem descriminação. Mas o banco não é gente!
Impaciente, abandona o banco e o jardim.Desenfreadamente, abre o portão e mete-se à estrada. Liberta-se dos muros dourados.A primeira coisa a fazer é procurar contentores do lixo.Abre um... vasculha... Abre outro... vasculha...Não leva nada!
Desce a rua sempre da mesma forma e com o mesmo ritual.Procurando sempre novos contentores do lixo, como se dependesse desta tarefa para sobreviver. Quantos contentores do lixo ele abre, não sei Devem ser muitos.Assim desaparece.

Ao fim do dia, volta de novo para a sua gaiola dourada.Volta para quem lhe dá abrigo e o cuida.Volta para alguém de muita coragem. Eu não conheço.
Um dia, ao anoitecer, vi-o colher uma rosa de um dos canteiros.Vi que na sua loucura, existe sensibilidade.A rosa que ele surrapiou ia fazer alguém feliz.Ele próprio estava feliz!Talvez fosse um pedido de desculpas por chegar tarde a casa.Talvez fosse um agradecimento.Talvez fosse só um gesto de carinho para com aquela pessoa que o cuida sem preconceitos!




...
com carinho
MZ


domingo, 17 de maio de 2009

Maresia









Vivo perto do mar

gosto do mar

do cheiro a maresia...

Gosto das manhãs frescas

da areia molhada

do vento suave no meu rosto...

da praia deserta

das ondas de todo o tamanho

dos seus salpicos e do sabor a sal...


Gosto do mar
O mar faz-me bem e o azul acalma-me...




com carinho
MZ

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Intervalo



Hoje, logo pela manhã foi esta a música que me entrou no ouvido; “Intervalo” dos Perfume e Rui Veloso.

Não só me entrou no ouvido, como também me fez reflectir um pouco sobre o sentimento de perda.
Nesta bonita manhã de Primavera, há sol e uma aragem fresca que me passa suavemente no rosto. Penso como seria difícil deixar as minhas coisas…
As pessoas que amo…
As conversas…
Os momentos únicos…
Os meus objectos preferidos…
O pôr do Sol…

O cheiro do mar…
Como deve ser difícil deixarmos a nossa vida em pleno!
Esta canção, fala de Amor…
Mas "ela" leva-me a ver o outro lado do amor;
O amor à vida...
Daquela vida que temos medo de deixar de um momento para o outro. Sim… porque todos estamos de passagem.
Hoje somos vida e amanhã somos pó… e num sopro tudo desaparece.
Este "Intervalo” vejo-o como o espaço de tempo que de uma forma ou de outra, todos iremos ter um dia.
Ficar em câmara lenta...
Ficar parados no tempo, sem saber se iremos continuar a ler o livro que ainda está a meio...
Se iremos continuar a ver o nosso filme preferido...
Se ainda teremos tempo de pronunciar aquelas palavras que ficaram por dizer...

Não sabemos... a vida surpreende-nos!
Por isso, como pedir não custa, eu peço!
Vida...
Não me deixes não...
Não me deixes parada no meio da minha vida,
Pois eu ainda quero ver muitos pôr-do-sol! :)



com carinho
MZ

terça-feira, 5 de maio de 2009

Flores para vocês





Deixo flores...
Deixo flores e um Abraço do tamanho Mundo...


A todas as minhas queridas amigas que me mimaram e animaram no dia em que eu soube que um tal de "Sr. Mioma" me acompanhava sem eu saber.

Atrevidito este "Sr. Mioma"!!!

Sei que não é muito grave, pois ele é minúsculo e até pode desaparecer...
Mas é o meu corpo e eu sou sensível...

Deixo um alerta a todas as mulheres que por aqui passarem.
Deixo também um alerta a todos os homens para que incentivem as suas namoradas, companheiras e esposas.
Façam visitas regulares ao vosso ginecologista e estejam atentas ao vosso corpo!





com carinho
MZ

Apenas flutuar...




Mãe…
Hoje preciso de ti!

Não para conversar ou para me ajudares em alguma tarefa.
Preciso de ti, do teu corpo apenas!
Entrar nele …
Regressar ao teu ventre adolescente, aquele onde fui gerada e ficar dentro de ti novamente.
Não escutar nem pensar em nada…
Queria apenas flutuar naquele líquido quentinho, ficar encolhida e assim permanecer protegida.


Mãe…
Hoje preciso de ti e tu estás tão longe...



com carinho


MZ

domingo, 3 de maio de 2009

Sou Mãe




Hoje estou feliz...
Não porque é dia da Mãe ou porque recebo sempre flores...
Hoje estou feliz, porque o meu filho está presente!
Sou mãe...
Já não sou uma mãe galinha porque o meu pintainho já é adulto...
Já não passeio com ele de mão dada e bem apertada pela rua com medo de o perder...
Agora é ele que pega na minha mão e a aperta unindo-me os dedos e levando-me à dor numa brincadeira pegada...
Já não lhe dou dentadinhas...
Aquelas dentadinhas que todas as mães gostam de dar aos seus filhotes. Agora é ele que de vez em quando me surpreende com uma dentada furtiva à qual eu respondo com gritinhos histéricos encolhendo todo o meu corpo.
Já não o elevo O ar...
Agora é ele que pega em mim e sou eu que dou gargalhadas!
Mas... ainda lhe arrumo o quarto ou uma peça de roupa fora do sítio...
Ainda passo noites sem dormir quando ele chega a casa de madrugada ...

Já não sou uma mãe galinha, mas, continuo a ser uma mãe preocupada!

À minha mãe e a todas as mulheres sejam elas mães ou simplesmente mulheres...

Deixo um grande xi-coração.



com carinho
MZ