São tantas as ausências, que disparo da menina do olho
desejos maiores do que na realidade quero. A privação inflamou uma vontade de
abocanhar as minhas pessoas; apertá-las, esmagá-las como fruta de casca mole ou dura - são boas, doces, amorosas. São quem eu amo, mas de carapaça dura pelo medo. Numa fracção de segundos, transformo-me num bicho histérico sedento de tudo.
Para meu bem, nem todos saberão fazer a leitura dos olhos. Deixo esse impulso
de bicho, de tempos que já foram. Retorno aos olhos mansos e, a minha menina do
olho inventa os beijos que ficam de baixo das máscaras. Os abraços, são caminhos
de palavras.