domingo, 26 de novembro de 2017

Outono vaidoso.



 Texto e fotografia,Mz



Já choveu, e no intervalo da chuva, este sol, esta cor de outono que mais iluminada não se pode achar. Deixa de fazer sentido o que já disse sobre o desengraçado Novembro que carrega a melancolia das coisas mortas, o enlameado da terra que se agarra às botas deixando um rasto caminho fora. Esquecemos as maçãs tardias que caem no chão, ficando por lá até apodrecerem como uma manta suja e bafienta a aquecer a terra. As pessoas da aldeia, dizem que a terra gosta desse aconchego e eu vou aprendendo estas coisas de sabedoria simples e despretensiosa. Arrumam-se as botas de campo no alpendre e sentamo-nos por aí a admirar o outono com uma sombrinha a resguardar-nos do sol.  Ficamos dias a ver um outono narciso a desfilar ao espelho como se fosse gente. Um outono afogueado com uma vaidade que nos sai muito cara, a nós, que precisamos de chuva.