Texto e fotografia,Mz
Já choveu, e no intervalo da chuva, este sol, esta cor de
outono que mais iluminada não se pode achar. Deixa de fazer sentido o que já
disse sobre o desengraçado Novembro que carrega a melancolia das coisas mortas,
o enlameado da terra que se agarra às botas deixando um rasto caminho fora. Esquecemos
as maçãs tardias que caem no chão, ficando por lá até apodrecerem como uma
manta suja e bafienta a aquecer a terra. As pessoas da aldeia, dizem que a terra
gosta desse aconchego e eu vou aprendendo estas coisas de sabedoria simples e despretensiosa.
Arrumam-se as botas de campo no alpendre e sentamo-nos por aí a admirar o outono com uma
sombrinha a resguardar-nos do sol. Ficamos dias a ver um outono narciso a
desfilar ao espelho como se fosse gente. Um outono afogueado com uma vaidade que
nos sai muito cara, a nós, que precisamos de chuva.