Texto e fotografia, Mz
Um sapateado suave em sapatos de domingo, fizeram o som de acompanhamento às Hossanas da procissão. Corria uma aragem com aroma de alecrim nos ramos colhidos dos jardins e dos quintais, ou mesmo, das beiras da estrada, umas pontinhas de oliveira. Eu assim o fiz e fui com as tias, com a minha fé plena e assumida, sem vergonha, porque na sociedade de hoje, tudo passa pelo escrutínio do preconceito. De verdade, é mais fácil ser ateu, irreligioso, ou espiritualista. E neste contexto de opções válidas ao ser humano, assinto que me faz bem acreditar numa demanda constante do mistério, que é Deus. Neste aparte, continuo esta crónica contando-vos que, depois da missa, as tias, em todos os domingos possíveis, é quase obrigatório uma paragem no salão de chá, onde se combinam caminhadas, encontros semanais e, onde também se fala dos filhos, dos netos, almoços de domingo e anedotas. Na alegria do convívio deste Domingo de Ramos, as tias não sabiam onde colocar os raminhos benzidos, se no colo, ou no chão. E nesta atabalhoada indecisão, por debaixo da mesa tocavam-me os ramalhetes nas pernas provocando-me cócegas e risos.
Afectos e dúvidas