- Escuta meu menino, para o ano podes ir também.
Ontem, ainda não era hora de ser noite mas já era
assustadora. O rio rendeu-se num negro poiso de aves parecidas com agoiro, negrumes
rasgando o céu com asas cor de viúva. Não eram corvos nem corujas porque a noite
nos engana. Eu não gosto desta noite.
Chalaça dos horrores, cabelos de bruxa e
lábios de morte. O vento quer ser sopro de fantasma. O som quer trazer-nos uivos
arrastados e até as estrelas, mostram vontade de serem círios de cemitério em
campas de defunto.
Experimentamo-nos e desafiando o medo, transformamo-nos em
bichos estranhos. Amanhã tudo nos parece ridículo.
mz
fotografia:mz