É de ti Lisboa porque és festa, que te escrevo.
Num olhar, um céu de pombas de asas ágeis, estonteadas, espantaram-se. Foram os sinos. É meio-dia e as noivas já casadas. É a fé. É a crença. É a festa.
Num olhar, um céu de pombas de asas ágeis, estonteadas, espantaram-se. Foram os sinos. É meio-dia e as noivas já casadas. É a fé. É a crença. É a festa.
Descem estreitas as ruas e as escadas, vasos de sardinheiras
encarnadas. E as pombas novas, espantadas, poisam agora nos telhados, sossegadas.
Das varandas, no ferro forjado, o crepe colorido, entrançados lado a lado,
desgarrados, pregões ao Santo, que é lembrado. Torna-se aldeia, a cidade. Um
largo em cada bairro, e a noite. No palato, a sangria e tudo se esquece. O
cravo no majerico, o bailarico, a concertina de playback, o arco, o balão e
tudo fica. Tudo permanece. Na brasa, a sardinha já foi prata, e depois, a alquimia,
milagre que a torna dourada. Na broa, o pingo, e tudo fica até ser dia, ainda
que amanhã não seja domingo.
mz
imagem: mz
Disparos à Toa
Disparos à Toa