Num dos cantos daquele ondular lusitano que inventei para
dar um ar poético ao que não passa de um telhado vulgar, cruzamos olhares
indiferentes para depois, matematicamente incidirem no objeto que jaz numa
dormência inerte. Anos e anos ali. É um boneco inanimado. Matéria morta. Nu e resistente
a todas as intempéries. Um super-herói esquecido vai para cima de uma década sem
que o dono se inquiete com isso - o meu vizinho. Valida a deslembrança de todos
os momentos de brincadeiras felizes que passaram juntos. Incomoda-me o desprezo
dado ao boneco, e todos os anos penso que haverá um dia no ano em que ele o irá
recuperar.
Quantas emoções nos atravessam o olhar e a mente? Por contágio nem todas nos chegam ao coração. As que nos tocam, até podem ser como esta - um exemplo inanimado. Um pedaço de plástico para nos fazer lembrar que pelo mundo haverá sempre um punhado de homens e mulheres desapaixonados, onde todos os sentimentos, amizades e relações não passam apenas de momentos minguados cujo propósito se molda na proporção de interesses transitórios.
Quantas emoções nos atravessam o olhar e a mente? Por contágio nem todas nos chegam ao coração. As que nos tocam, até podem ser como esta - um exemplo inanimado. Um pedaço de plástico para nos fazer lembrar que pelo mundo haverá sempre um punhado de homens e mulheres desapaixonados, onde todos os sentimentos, amizades e relações não passam apenas de momentos minguados cujo propósito se molda na proporção de interesses transitórios.
mz