Encontraram-se os dois por acaso. Era tempo de Camélias.
Singelas. No vaso de cristal em disposição assimétrica via-se a alegria do
conjunto rosa e amarelo. Pétalas e estames em êxtase. Um toque oriental,
exóticas e tão nossas. Tão portuguesas. Ele disse que iria fazer uma aguarela,
mais tarde quando tivesse tempo. Talvez em Março quando fosse primavera. Ela
lembrou-se do dia do seu casamento e do grande ramo em botão que segurava graciosa.
Uma cascata branca de noiva. Genuína ingenuidade. As camélias a caírem-lhe no
colo, desejosas por se abrirem e ela, ansiosa de desejo e de se abrir como uma flor.
Maravilhosa. Deslumbrante. Afastou o cabelo do mesmo jeito que afastara o véu
há tanto tempo atrás. Suspirou.
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Imagem: Tela - Gustav Klimt,
Ritratto Di Signora - Galeria Ocaiw