Numa ânsia de também fazer do mais antigo o seu futuro, apareceu
atarefada e corada. No conjunto branco da sua jaleca, um açafate cor de palha
de braço dado com ela. Jovem e alegre, com o mesmo ar do seu restaurante estendeu-me a encomenda.
Pacotinhos transparentes de biscoitos caseiros de guarnição variada. Na transparência
das embalagens como se não existisse matéria entre o invólucro e as guloseimas insinuava-se
o conteúdo, paladar fino e estaladiço. Cresceu-me água na boca. Meia dúzia de
pequenos frascos com compota de laranja que eu tanto lhe pedira que me fizesse.
Fresca, doce e ligeiramente amarga, ideal para os dias quentes que hão-de vir. O que
me surpreendeu foram as flores. Um aglomerado azul como uma pequena nuvem
pintada por uma criança. Miosótis. Um spray de primavera antiga num vaso que
irá espalhar sementes.
E diz-me na esperança de se multiplicarem estes azuis que muitos já esqueceram e outros que nem sabem da existência de tal delicadeza; todas as encomendas levam uma oferta.
E sorri de satisfação.
mz