Aterrei na areia aos saltinhos como um animal coquete com
cócegas nos pés. E tal como eu, também outros saltam sem jeito no areal até se
colocarem a salvo daquele chão aceso. Aqui, existe um zumbido de colmeia que não
devia estar. São as conversas na areia que zunem soltas em diferentes
línguas e, quanto mais o sol queima, maior se torna esta espécie de enxame.
Abrem-se guarda sóis que giram aos gomos quando o vento quer. Repousam nas
cores das toalhas mais ossos e mais carnes à vista de todos. Solta-se por vezes
uma brisa e, mesmo ao meu lado, o tropical coco comprimido no frasco quando se besuntam os corpos. Se o vento mudasse de rumo...
- É isso!
Quanto mais distantes
forem as conversas maior afinação têm as ondas.
- É essa cadência do gigante azul que eu quero. É esse ir e
vir desmaiando transparente de tanto correr areia fora.
Mz
Imagem: Isabel Galery Aqui