Existe um homem que guarda um jarro no jardim. Uma espécie solitária com a mesma missão em cada Primavera. Devolve-lhe a meiguice do passado e ternuras de infância em laços eternos de quem a plantou num chão de terra já antiga. Soa a mimo e a poesia, este homem que guarda o seu jarro no jardim. Homem e raízes numa cidade, onde, ainda cabem pedaços de terra sachada e vasos floridos.
No mesmo homem, o outro, o que sabe plantar imagens. Fotógrafo. O olhar que pisa o asfalto da cidade. Lisboa.
O homem que plantou com a sua máquina, uma flor no masculino. Um clássico singelo a transbordar de sensualidade num delicado enrolado, abrigando o tímido caule erecto.
Sinto-me uma ladra de flores e de terra com dono. Enredos imaginários, por mim, aqui. Um olho de mulher sem laços a este jarro arrancado de raíz à fotografia, num apontamento a propósito e feito à pressa.
Para Fábrica de Letras
Tema: Fotografia
Original escrito e publicado...
Mz