terça-feira, 22 de novembro de 2011

Corta...


Lá dentro, não existe lareira de lume a sério, apenas uma máquina escondida que lança a temperatura certa. Entro e saio da sala com a conversa. A noite, sem lua clara é breu e o frio dá-me chicotadas nas pernas que mostro por vaidade, tanto cachecol e golas altas que me abafam o pescoço mas as pernas geladas! Cá fora, aquecem-me pessoas boas, amigas... amigas. Conversa-se sobre este estado de compromisso geral, as justificações deste estado social. Discutimos a desdita que nos andou a bater à porta com pancadinhas suaves. Tenta-se encontrar quem empurrou o carrinho da desgraça e nos levou encosta a baixo sem travões. Acidentes de percurso democrático. Não aceitamos que nos cortem sonhos e agora os tecnocratas frios aparecem e vêem apenas coisas, parecem esquecer-se das pessoas. Eles escolhem palavras colossais para definir e justificar esforço. Degolam, cortam e cortam, actuam ferozes agressivos com ar sereno. A voz é lenta, monocórdica, enfadonha que até apetece esganá-los, abaná-los e chamar-lhes nomes feios. Não adianta... o frio continua a chicotear-me as pernas.Voltamos para dentro rindo-nos e expressando ideias de como serão eles com uma mulher... lentos e monocórdicos, ou tecnicamente correctos? Bahhhhhhh Corta!




Imagem: Galeria de obras de  Ernest Ludwig Kirchner
Com carinho
Mz