Hoje acordei ligeiramente apertada, enrolada num casulo branco que não era mais do que um emaranhado de lençóis. E cansada!
Cansada, atrofiada, sei lá! Amarfanhada, como se de uma mala de viagem tivesse saído e eu própria fosse uma peça de roupa amarrotada.
Da mala, saí eu e os meus últimos pensamentos da noite anterior.
Juntamente com a mala, chegou também o grande baú da saudade selado pela distância das pessoas que eu gosto. É uma distância sentida de forma muito estranha...
É como se um curto espaço de tempo se estendesse na memória de um verbo conjugado num passado longínquo.
Eu sou teimosa, obtusa e frágil...
e magoam-me as distâncias e as palavras que chegam quase sempre atrasadas.
A maior parte das vezes, desencontradas do momento em que mais preciso delas incluindo as pessoas que as trazem. Tudo parece perder-se numa longa viagem.
Eu sou teimosa e obtusa.
Não quero reconhecer que a celeridade psicológica deste avanço alucinante do tempo é uma tentativa de me flagelar ainda mais. O chicote bate até sangrar. E, a dor da saudade ganha uma dimensão suficiente para me ferir a alma numa escala superior à realidade.
A verdade, é que se viaja no tempo conforme a dor e o estado psicológico em que nos encontramos.
Sou teimosa e obtusa, nunca serei perfeita.
A minha força não é suficiente para entender que a distância por vezes é curta e não passa apenas de uma mão cheia de dias.
Para a Fábrica de Letras com o tema – “Uma Longa Viagem” este mês de Agosto
Com carinho
Mz