Esta noite, as palavras abafaram a vontade de um desejo.
A minha boca foi uma arma silenciosa, foi aço rosa enferrujado... não disparou uma rajada.
Esta noite, as palavras deitaram-se na minha almofada alva de cambraia,
não adormeceram...
Simplesmente se silenciaram. Abandonaram-me.
Partiram de mãos dadas com uma lua de prata que espreitou a minha janela.
Voaram entre o céu e o mar e brilharam no azul-escuro do infinito.
Quisera eu ser um anjo e resgatar as minhas palavras.
Trazê-las de volta para a minha almofada alva de cambraia.
Mas eu não sou anjo...
Aguardo à minha janela e espero mergulhada na noite quente que brinca com as sombras
e se refresca com os leques de uma palmeira que repousa no meu jardim.
Desejo eu agora que, esta noite não seja eterna...
Que as minhas palavras abandonem a prata da lua e regressem abraçadas ao sol da próxima aurora.
No mesmo dia e à mesma hora com a diferença de uma ano, publiquei este post AQUI
Decidi repeti-lo porque vai ao encontro do tema da Fábrica de Letras - "DISPAROU" a decorrer ainda este mês de Julho.
(imagem:google
Com carinho
MZ